A Veja foi uma das publicações que ajudaram a divulgar aqui a teoria do espelho segundo o qual a matéria jornalística é apenas um espelho da realidade, um relato objetivo e imparcial. Como já foi demonstrado por vários autores, inclusive eu no livro Critérios de escolha de notícias no jornalismo amapaense, esse discurso de imparcialidade esconde um discurso ideológico: se o que estou falando é apenas o que aconteceu, você deve acreditar em mim. É para fugir disso que o jornalismo gonzo usa o humor e textos em primeira pessoa.
Apesar do discurso de objetividade, é muito fácil perceber que a Veja não tem nada de imparcial. Fácil perceber isso em duas capas deste mês, as duas sobre a chuva que castiga o sudeste. Na primeira, a culpa da calamidade é da natureza. Na segunda, a culpa é do governo e até o Cristo Redentor chora. Claro, o governador de São Paulo é Serra, candidato da Veja, e não ficava bem culpar Serra pelos estragos da chuva. No Rio, como a revista é contrária aos governantes, "culpar a chuva é demagogia".
Imagens retiradas do blog Escrevinhador, que comenta: "O Cristo que chora na capa logo abaixo talvez chore pela morte dessa publicação que - um dia - já foi uma revista jornalística. Hoje, é um panfleto. Que usa mortes e tragédias para fazer política - com "p" minúsculo".
2 comentários:
Pra mim, a definição da revista Veja está numa comunidade do orkut. Sim, ria que é cômico mesmo, no orkut: "Veja, eu quero acreditar."
Por sinal, não só a Veja, mas a mídia em geral é extremamente manipuladora, a gente tem que estar sempre muito atento para não ser levado por eles. Parabéns pelo post, muito bom mesmo. Tomara que abra os olhos de quem ainda não tinha percebido. Abraços
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