sábado, março 30, 2013

Sobre a ditadura militar

Um leitor deixou um comentário no blog defendendo a ditadura militar. Segundo ele, se hoje tenho liberdade de expressão é por causa dos militares que tomaram o poder em 1964. Esse mesmo comentário dizia que, se eu não gostava da ditadura militar brasileira, deveria ir morar em Cuba ou no Irã.
Para começo de conversa, sou contra qualquer tipo de regime ditatorial, seja ele de direita (a ditadura militar no Brasil), de esquerda (Cuba, Coréia do Norte) ou religioso (como é o caso do Irã e foi, durante algum tempo, o caso do Afeganistão).
Ademais, é idiotice achar que os militares estavam lutando pela democracia ou até mesmo contra o comunismo.
Em toda a história, o único país que se tornou comunista na América foi Cuba e isso mesmo porque os EUA se negaram a apoiar a revolução e jogaram os cubanos no colo dos soviéticos.
Na verdade, mesmo países que nunca sofreram golpes militares nunca se tornaram ditaduras. No Brasil, a guerrilha comunista só surgiu na década de 1970, quase seis anos depois do início da ditadura. Ou seja: não havia um perigo comunista e mesmo que houvesse, o melhor remédio contra ele sempre foi o desenvolvimento econômico, vide o exemplos de países como a Alemanha, Japão, Coréia do Sul.
Os próprios americanos logo perceberam que uma democracia com desenovolvimento econômico é um meio muito mais seguro de manter um país longe do comunismo (tanto que o presidente Jimmy Carter chegou a cobrar um prazo para que a ditadura no Brasil acabasse).
Os militares tomaram o poder e se mantiveram nele porque o poder é doce para algumas pessoas. A busca do poder é a maior motivação. E, se poder é doce para essas pessoas, o poder absoluto de uma ditadura é um verdadeiro manjar. O mesmo poder, aliás, que tem o torturador na sala de tortura, por isso não existe ditadura sem presos políticos e tortura. Como dizia George Orwell: "pense no futuro e imagine uma bota esmagando um rosto humano". Esse é o sonho dos ditadores.
A democracia pode não ser o melhor sistema, e, como estamos vendo pelas notícias do Congresso, de fato não é. Mas, enquanto não temos uma democracia direta, a democracia representativa é muito melhor que qualquer ditadura.

1 comentário:

Delgado disse...

Realmente, sempre há pessoas que subvertem as coisas, para tentar deixá-las a seus gosto.

É absurdo dizer que a liberdade de que dispomos hoje, deve-se à ditadura militar. Os militares tomaram o poder através de um golpe de estado, financiado por empresários, e parte da elite econômica, que tinham interesse nisso, e com apoio dos E.U.

Os militares só deixaram o poder após vinte e um anos, e isso apenas pq a situação ficou insustentável, devido não só à falta de liberdade, tortura e assassinato de adversários do regime, mas também pela completamente equivocada política econômica, que no início prometia ao povo o "milagre", e acabou levando o país à recessão e hiperinflação.
Mas eles se agarraram ao poder enquanto puderam, como um cão faminto ao osso.

As gigantescas e faraônicas obras - muitas delas desnecessárias, mas importantíssimas para empreiteiras - deixaram o país sob a tutela do FMI e do Banco Mundial, durante muitos anos.

Em meio a tanta tragédia, ainda tivemos "sorte", pois apesar de tão longa, a ditatura do Brasil não foi tão sangrenta como a da Argentina (isso falando-se apenas de número de mortos, se é que dá para se medir uma tragédia só por isso), e nem fomos levados a uma guerra sem sentido, como os generais argentinos - tentando se agarrar ao poder - fizeram com o seu país.

Na época da ditadura militar não poderíamos estar expressando nossas ideias assim, sob pena de sermos sequestrados dentro de nossos lares, e levados para obscuros porões, para tortura e provável morte.

A chamada democracia - que está muito longe do significado da palavra - realmente não é perfeita., Vemos isso nos descalabros que alguns políticos cometem. Mas ao menos temos as informações, por meio de uma imprensa livre. Na época da ditadura militar, a corrupção existia, e corria solta, mas a imprensa amordaçada, era impedida de informar ao povo.