A hora do Lobisomem é um livro diferente de Stephen King. Estamos
acostumados a associar o escritor a livros longos, com profunda construção de
personagens. Em A hora do Lobisomem ele se impôs um desafio diferente:
construir uma narrativa através de pequenos contos, cada um narrando um ataque
da criatura na pequena cidade de Tarker´s Mills.
Todo bom leitor sabe que outros escritores já fizeram experiências
semelhantes, com destaque para Ray Bradbury, cujos livros de contos quase
sempre tinham uma linha narrativa que os unia (o exemplo mais genial é Crônicas
Marcianas).
Mas como King se sairia em um terreno tão diferente do seu
habitat?
A resposta: muito bem. King foi puxar inspiração na sua paixão
por quadrinhos e construiu cada história como se fosse uma HQ, com belíssimas
ilustrações do mestre Bernie Wrightson (criador do Monstro do Pântano).
Cada conto foca em um personagem e não só a narrativa – e aí
temos o King em sua melhor forma. Ao transformar o garoto cadeirante em
protagonista dessa miríade de narrativas, King também destaca uma de suas
características mais interessantes: os perdedores são continuamente
protagonistas da história do mestre e sua redenção é a redenção dos leitores.
Além disso, o livro consegue ser não apenas um conjunto de
contos, mas uma narrativa que se desenvolve até um clímax emocionante, que
costura tudo.
Uma curiosidade é o título. O nome original seria algo como “O
ciclo do Lobisomem”, o que faz sentido, já que o livro mostra o ciclo de
ataques durante um ano. Mas aqui foi traduzido como A hora do lobisomem por
conta do sucesso de vários filmes com título semelhante, como A hora do terror (de
1985), A hora dos mortos vivos (também de 1985) e A hora do pesadelo (de 1984).
Aliás, outro livro de King, Salen´s Lot, também ganhou título semelhante: A
hora do vampiro.
Em tempo: merece destaque a belíssima edição em cada dura da
Suma. Item de colecionador.
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