Umberto
Eco chamou os primeiros de integrados e os últimos de apocalípticos no seu
livro Apocalípticos e Integrados, hoje um clássico do estudo da comunicação.
Os
apocalípticos, adeptos de uma visão aristocrática da cultura, vêm como uma
monstruosidade a criação de uma cultura partilhada por todos e produzida de
modo que a todos se adapte. O surgimento da mesma Ao homem de culto só resta
dar o seu testemunho e esperar o fim dos tempos.
Os
integrados, ao contrário, argumentam que as novas tecnologias estão permitindo
um alargamento cultural, uma democratização da cultura. Por traz desses dois
conceitos criados por Eco esconde-se uma crítica veladas às duas principais
correntes teóricas do estudo da comunicação no início do século XX.
Os
integrados seriam os funcionalistas, na sua maioria norte-americanos e
liderados por pesquisadores como Laswell e Lazzarsfeld.
Os
apocalípticos seriam os membros da escola de Frankfurt, liderados por Adorno.
A
diferença entre as duas escolas explica-se, em parte, pelo contexto histórico
do surgimento das mesmas.
Surgido
nos EUA, país que se orgulha de sua centenária democracia, e financiado pelas
agências de propaganda, o funcionalismo não tinham razões para temer o
desenvolvimento dos Meios de Comunicação de Massa.
Laswell
chega a afirmar que propaganda rima com democracia, pois os ditadores não
precisam convencer a massa a segui-los. Para eles, basta o uso da força.
Ambiente
absolutamente oposto iria dar origem à Escola de Frankfurt. Esse grupo de
estudos sociológicos, surgido na Alemanha na década de 30, era formado,
essencialmente, por socialistas judeus. Gente como Bretch e Heich faziam parte
da escola de Frankfurt.
Os
frankfurtianos viam, aterrorizados, a ascensão do nazismo e a utilização que
Hitler fazia dos Meios de Comunicação de Massa (MCM).
Hitler
chegara a escrever um livro afirmando que a derrota da Alemanha na Primeira
Guerra se devia, essencialmente, à falta de uma boa propaganda de guerra.
O
nazismo usava muito bem o cinema e o rádio para conseguir a adesão das massas e
seus objetivos não eram nada democráticos.
Quando
os alemães invadiram a França, os frankfurtianos que haviam se refugiado lá
tiveram de fugir. Na fronteira da França com a Espanha, Walter Benjamim,
achando que cairá nas garras da Gestapo, suicida-se.
O grupo
vai para os EUA e, embora tenham trabalhado com os funcionalistas no início, a
experiência com o nazismo irá afasta-los radicalmente da posição integrada.
Para filósofos
como Adorno, a Indústria Cultural jamais poderá produzir arte, pois a arte não
é feita para ser vendida. Filmes como Cidadão Kane seriam apenas um “chamariz”
para nos fazer acreditar que é possível haver arte autêntica dentro da
Indústria Cultural.
Além
disso, a mídia estará massificando a humanidade. O processo de
reprodutibilidade técnica, que tornava possível a reprodução da cultura em
milhares, às vezes milhões de produtos absolutamente iguais (é o caso da
fabricação de CDs, por exemplo) se refletia nos consumidores, tornando-os tão
uniformizados quantos os produtos por eles consumidos.
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