Em 1992 eu o compadre Joe Bennett já éramos
parceiros de longa data. Foi quando o editor Franco de Rosa nos pediu 30
páginas de uma história em quadrinhos para uma revista erótica.
O problema
era o prazo: uma semana para fazer tudo: roteiro, desenho, arte-final,
balonamento, tudo. Verdadeiramente insano. O prazo era tão curto que o Bené mal
desligou o telefone e já começamos a criar a história.
Contrariando o pedido, fizemos uma HQ de
super-heróis (que tinha apenas duas cenas eróticas). E era algo bem diferente,
bem na linha da dupla Gian-Bené: uma homenagem à Família Marvel (hoje conhecida
como Shazan), mas era também uma história de vingança.
Íamos criando a HQ e o Bené já ia fazendo o rafe
das páginas. Quando terminou, eu coloquei o texto. No final, foi tudo tão
corrido que não tivemos tempo para conversar sobre a história. Assim, na minha
cabeça, o protagonista Tribuno era um herói, e na cabeça do Bené, era um vilão.
O Franco, quando recebeu, deve ter pensando o que
fazer com aquela HQ, mas acabou publicando assim mesmo numa revista erótica. O
sucesso foi tão grande que a história acabou sendo publicada em outro gibi.
No final, a família Titã foi publicada em 5
revistas, cada uma com tiragem de 30 mil exemplares. 150 mil exemplares no
total – mais do que a vendagem mensal do Homem-Aranha na época.
Pouco depois um caçador de talentos esteve no
Brasil procurando desenhistas para o mercado americano e, quando viu a Família
Titã, teve certeza de que Bené era o cara certo (hoje ele desenha uma premiada
fase do Hulk).
E a história virou cult. Uma das razões se deve
ao fato de que não tivemos tempo para conversar sobre o seu significado: então,
para alguns leitores, o protagonista é vilão e para outros é um herói. Essa tridimensionalidade
dos personagens se tornou o grande charme da história.
Em 2014 a editora Opera Graphica republicou a
Família Titã, agora no formato de álbum, com textos, biografia dos autores e
desenhos do Bené.
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