quinta-feira, agosto 15, 2019

A tragédia do Brigue Palhaço

Hoje comemora-se 196 anos da adesão do Pará à independência. Não há muito a comemorar. A adesão começa com um massacre. 
Na época, Belém tinha relações muito mais fortes, devido à proximidade geográfica, com Portugal, do que com a corte no Rio de Janeiro. O estado era dominado por uma elite de ricas famílias portuguesas, enquanto a maioria da população vivia na miséria ou na escravidão. Um ano depois o estado não tinha aderido à independência. D. Pedro I mandou um mercenário inglês, John Pascoe Grenfell, garantir a independência. Grenfell negociou com a elite uma adesão que mantinha todos os privilégios às ricas famílias, que continuavam mandando no estado.
O povo, que achava que algo ia mudar, revoltou-se. 

Grenfell foi implacável: mandou recolher quem quer que estivesse na rua. Não houve julgamento ou nada parecido. Quem estivesse na rua naquele momento foi preso.
252 pessoas foram aprisionadas e colocadas no porão de um navio, o Brigue Palhaço. A ideia era matá-los de fome e de sede. O calor paraense transformou aquele local repleto de pessoas num inferno. Os gritos de agonia começaram a incomodar a tripulação. Grenfell mandou atirar. Mesmo assim os gritos de agonia continuavam. Veio a solução final: jogar cal no porão. Sufocados, morreram todos menos um único sobrevivente.

O massacre do Brigue Palhaço marcou a história do Pará e foi um dos principais fatores para a eclosão da Cabanagem, poucos anos mais tarde. 

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