Em 1965, Fantastic Four era
o gibi mais quente do mercado americano. Quem não gostaria de fazer parte
daquela família de heróis em aventuras incríveis e sempre surpreendentes?
Jack Kirby e Stan Lee
tinham elevado a série a um nível poucas vezes visto de ação, mistério e
fantasia. Para isso inventarem uma estrutura em que várias tramas iam se
encaixando e puxando umas às outras, em uma narrativa contínua em que sempre
havia algum elemento de suspense, algo que o leitor não sabia e que só seria
revelado lá na frente.
Ótimo exemplo disso é a
saga dos Inumanos que ocupou os números 44 a 47. A saga inicia com Medusa
sequestrando Johnny Storm na tentativa de fugir do misterioso Gorgon. No meio da
história surge o Homem-dragão, que sequestra a Mulher Invisível enquanto Gorgon
some com Medusa. Quando finalmente conseguem resgatar Sue (e descobrem que o
dragão é na verdade um bebê), Johnny encontra
em um bairro abandonado uma garota misteriosa que, achando que ele é um
inumano, o leva para junto dos outros.
Essa breve sinopse mostra
como funcionava a estrutura criada pelos dois gênios dos quadrinhos: quando o
finalmente o leitor desvenda um mistério, surge outro e isso infinitamente,
elevando às alturas o sense of wonder da série.
Contribui para isso o fato
do traço de Kirby estar no seu auge tanto em termos estéticos quanto em termos
de criatividade e experimentação e o texto de Lee, que, embora ainda fosse
exagerado (pouco tempo depois ele diminuiria radicalmente a quantidade de texto
da série), caracterizava muito bem os personagens.
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