sábado, dezembro 28, 2019

Sonja – a chave maldita



Quando as vendas de Conan estouraram, a Marvel ficou louca atrás de outros personagens criados por Robert E. Howard que pudessem repetir o sucesso do cimério. O mais próximo que conseguiram foi Sonja, ou Red Sonja, como é conhecida nos Estados Unidos (por conta do seu cabelo vermelho).
Para desenhar foi chamado Frank Thorne, um ilustrador que se tornou especialista em mulheres guerreiras. Seu desenho pouco convencional destacava o ar de magia da série, com destaque para cenários, roupas e ornamentações extravagantes. Mestre da anatomia, sua Sonja era linda, mas também dúbia. Seu olhar felino conferia à personagem uma característica que ia muito além da simples heroína.
E, entre os roteiristas que abrilhantaram a personagem, estava Bruce Jones, provavelmente um dos mais subestimados da era de bronze.
Bom exemplo do trabalho entrosado dessa dupla é “A chave maldita”, publicada no terceiro número da revista Marvel Feature, de 1975 e no Brasil em Superaventuras Marvel 17.
A história começa com a guerreira montada num cavalo, sendo perseguida e proferindo uma frase icônica: “Soldados malditos! Esses miseráveis estão atrás de mim há horas! Será que não se pode ganhar a vida por aqui roubando honestamente?”.
Essa primeira página, aliás, além do diálogo impagável de Jones, mostra o domínio de Thorne da parte visual: a imagem é emoldurada por uma corda que segura uma... chave!
Encurralada, Sonja é salva por uma bruxa, que cria uma ilusão para os soldados, dando a entender que a guerreira caiu num precipício.
O bruxa está interessada na chave roubada por Sonja (a razão pela qual ela está sendo perseguida) e lhe conta a história da chave: em tempos antigos, dois reis guerreavam. Um deles contrata um artesão que faz uma réplica do rei em tamanho gigantesco, mas seu castelo é invadido e, para se vingar, ele envia o gigante metálico feito à sua semelhança para destruir o local. O mecanismo era controlado por uma chave. Como logo fica óbvio, a bruxa está interessada na chave roubada por Sonja para fazer reviver o autômato.
Assim, mitologia e ação se misturam perfeitamente nessa trama muito bem escrita.

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