sexta-feira, fevereiro 07, 2020

Por que o formatinho era bom?


Hoje em dia é praticamente um consenso entre os fãs de quadrinhos o ódio ao chamado formatinho. É quase impossível encontrar quem os defenda.
Eu sou um desses poucos moicanos.
Para começar, por uma questão econômica. Quem acha que hoje as coisas estão ruins não viveu os anos 1980. Naquela época, lançar quadrinhos em formatos maiores, em edições mais luxuosas, era impensável por uma razão muito simples: o povo simplesmente não tinha dinheiro para comprar. Além disso, havia uma quantidade enorme de crianças e jovens lendo quadrinhos - que só podiam consumir se as revistas fossem baratas.

Associada à essa questão financeira, havia outra. Como as revistas eram mix (geralmente juntando quatro ou cinco revistas americanas), se uma história não fosse boa, o leitor já estava no lucro. Se, por exemplo, a revista custava 5 reais, tinha 5 histórias, e uma não fosse boa, quatro reais ali tinham sido muito bem investidos.
Hoje em dia as revistas são caras e têm menos histórias. Uma revista de 10 reais com duas histórias, se uma das histórias não for boa, já é um bom prejuízo.
Outra questão é a economia de espaço. Formatinhos ocupam, na estante, metade do espaço de uma revista em formato americano. Para quem tem que ficar achando local onde colocar suas revistas, o formatinho vem bem a calhar.
E, finalmente, os formatinhos não eliminavam formatos diferenciados.

No final dos anos 1980 surgiram as graphic novels e minisséries. Tamanho maior, papel couchê, preço mais alto, mas principalmente uma qualidade de roteiro e desenhos superior. Histórias normais saíam em formatinho, papel jornal. Histórias melhores saíam em formato graphic novel. Então você podia comprar o formatinho, por um preço baixo, e guardar dinheiro para comprar uma graphic novel por mês.
Hoje em dia, tudo é tratado como se fosse graphic novel. Qualquer história mequetrefe tem tratamento gráfico e preço de graphic novel.

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