terça-feira, maio 26, 2020

Corra, Lola, corra!


Corra, Lola, corra é um filme alemão dirigido por Tom Tykwer cujo roteiro é todo construído a partir de conceitos da teoria do caos.
O princípio básico da teoria do caos é a dependência sensível das condições iniciais. Ou seja, pequenas alterações no início de um processo podem provocar grandes alterações lá na frente. A história é toda construída, nos mínimos detalhes a partir desse conceito.
No filme, Lola entra em uma loja para comprar cigarros e tem sua motoneta roubada. Isso faz com que ela se atrase para um encontro com o namorado, que está transportando dinheiro de um traficante. Esse atraso faz com que ele decida pegar o metrô, onde acaba esquecendo o saco com o dinheiro, que é roubado por um mendigo.
Agora Lola tem 20 minutos para conseguir 100 mil marcos antes que o namorado seja morto. A trama acompanha a correria da personagem tentando resolver a situação: ela quase é atropelada, passa por diversas pessoas (e vemos em flashs como será o futuro de cada uma dessas pessoas).
O plano não dá certo e o filme volta ao início, ao momento em que Lola está recebendo a ligação do namorado.
Esse roteiro em looping permite observar como pequenas alterações vão provocando mudanças: é a mulher que, na versão anterior iria enveredar pela bebedeira e perder o filho e agora ganha na loteria e se torna rica, é o homem que bateu o carro na primeira versão e não bate... a corrida de Lola agora vai provocando alterações por onde passa como se ela fosse um efeito borboleta.
Há um outro filme sobre o assunto, com o título óbvio de Efeito borboleta, mas Corra Lola é muito mais interessante pela complexidade da trama e por mostrar como as alterações vão ocorrendo em diversas escalas (no filme Efeito borboleta as alterações ocorrem de maneira limitada, geralmente centradas no protagonista).
Além disso, a linguagem do filme é caótica, com corte rápidos, misturando cenas live action com animações, flashs fotográficos até jogos eletrônicos.
Corra Lola é um dos melhores exemplos de como teorias científicas podem ser usadas como base para filmes.  

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