quarta-feira, setembro 30, 2020

Superman e a Legião dos Super-heróis


O roteirista Geoff Johns e o desenhista Gary Frank foram responsáveis por uma das fases mais interessantes do Homem-de-aço em época recente. Foram histórias que se tornaram imediatamente clássicas. E o melhor dessa fase foi o encontro do Superman com a Legião dos Super-heróis.
Na história, Superman recebe um pedido de socorro e uma cápsula do tempo enviadas por brainiac 5. Ao viajar para o século 31, o herói descobre que a Terra se tornou uma distopia. Membros rejeitados pela Legião se uniram, formando a nova Liga da Justiça, e transformaram o planeta numa ditadura xenofóbica. Mas a ida do Homem de aço para o futuro pode ter sido um erro: o sol se tornou vermelho, tirando boa parte de seus poderes. Se o herói morrer no futuro, o que pode acontecer com a realidade?

Geoff Johns usa como fio motor da história o fato de grande parte da Legião ser formada por extraterrestres e cria uma metáfora política. Assim, a nova Liga introduz uma cruzada contra extraterrestres, aprisionando-os ou simplesmente levando-os ao exílio. Mas há um problema aí: no futuro a figura do Superman é simplesmente idolatrada pela população. Como adequar isso a essa campanha? Inventando que o Homem de aço não veio de Kripton, mas nasceu na Terra e lutou a vida inteira contra alienígenas, incluindo Ajax, o caçador de Marte. Ou seja: criam uma campanha xenofóbica a partir de uma fake News.
O prelúdio da história é genial: um casal vê seu planeta ser destruído e envia seu único filho ao planeta Terra. Aqui a nave é encontrada por um casal de lavradores, que simplesmente mata o bebê. Essa sequência, além de ecoar a própria origem do super-homem, também mostra o quanto a realidade foi alterada a partir do boato criado pelos vilões.
Outra grande sacada foi a percepção de que os membros rejeitados da Legião o foram não apenas por não dominarem seus poderes, mas por terem problemas de caráter, como tendências psicóticas. Aliás, o trecho que mostra a nova Liga detalha isso: são obcecados por poder, depravados, têm ódio por terem sido rejeitados.
Geoff Johns maneja muito bem tanto esses momentos barra-pesada quanto os momentos idílicos, como os flash backs que mostram o primeiro encontro do Superboy com a Legião. Aliás, ele é um dos roteiristas que melhor entenderam o Homem de aço e o que ele representa.
Já o desenho de Gary Frank é simplesmente encantador. Ele caracteriza o Superman exatamente como Christopher Reeve no antológico filme da década de 1980, o que, por si só já agrada aos fãs. O mesmo vale para sua representação da Legião: é soberba, especialmente nas cenas em aparecem muitos personagens.

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