Em 1976 os novos X-men ainda eram uma novidade. Personagens como Ororo, Colossus, Wolverine e Noturno eram ilustres desconhecidos. Len Wein, que tinha escrito a primeira história do novo grupo – e depois entregou o título nas mãos do estagiário Chris Claremont - aproveitou que estava escrevendo o gibi mais vendido da Marvel para promover os novos personagens.
Assim nasceu a história Vigilante Noturno,
publicada em The Amazing Spider-Man 161.
Na história um personagem misterioso está
matando pessoas aleatórias na tentativa de incriminar o Justiceiro. O
Homem-aranha está num parque quando uma das pessoas é morta e, quando vai
investigar, se depara com um personagem misterioso, que parece um demônio. Era
Noturno.
Existe uma regra não escrita na Marvel de que a
primeira vez que dois heróis se encontram, algum tipo de equívoco faz com que
eles lutem entre si e nesse caso não seria diferente. Noturno acha que o
homem-aranha é o autor de disparos e o amigo da vizinhança tem a mesma
desconfiança com relação ao X-men. Posteriormente, o Justiceiro vai ter essa
mesma suspeita com relação aos dois.
E é um encontro inspirado desde a capa, com uma
belíssima imagem em perspectiva dos dois lutando num parque, oferecimento do
grande Ross Andru, um cara que sabia tudo sobre como usar a perspectiva para
dar ação e movimento para uma imagem. E a diagramação dinâmica, como os
personagens saindo do quadro, funciona muito bem para dois heróis acrobatas.
Não é à toa que Garcia-Lopez diz que aprendeu muito sobre narrativa com Ross
Andru.
A história tem seus problemas, como um ou outro
deus ex-machina. É incrível a quantidade vezes em que os personagens estão nos
locais certos no local certo para que a trama se desenvolva. Além disso, o
aracnídeo procura o jornalista Joe Robertson e ele sabe tudo que está
acontecendo, inclusive o fato de que estão tentando incriminar o Justiceiro.
Muito conveniente para o roteiro.
Ainda assim, é um daqueles encontros memoráveis
dos quadrinhos.
Uma curiosidade é, embora muitos leitores hoje
reclamem muito das alterações na história feitas pela Abril, elas eram pequenas
na comparação com as alterações da RGE, que aumentava quadros pequenos, muitas
vezes transformando-os em splah page. Nessa história uma cena corriqueira de
Peter Parker numa lanchonete ganha destaque a ponto de ocupar metade de uma
página. Como resultado, as 17 páginas se transformaram em 20 na versão da
RGE.
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