terça-feira, dezembro 01, 2020

Sheena – a rainha das selvas

Pouca gente sabe, mas Tarzan teve uma contraparte feminina de muito sucesso. Chamava-se Sheena e foi criada em 1937 por Will Eisner e Jerry Inger. Os roteiros eram de Eisner e os desenhos das primeiras histórias eram de um contratado do estúdio, Mort Meskin. Mas, para dar a impressão de que o estúdio Eisner&Inger era uma grande empresa, com muitos funcionários, os dois sócios inventaram um autor, W. Morgan Thomas, que assinava todas as hsitórias da rainha das selvas. A personagem era baseada visualmente numa atriz popular na época, Cynthia Evans e se destacava pelas curvas e pelas pernas longilíneas, que os autores faziam questão de mostrar nas splash pages iniciais. Sheena foi inicialmente comprada por uma agência, a Editors Press Service, que repassou para uma revista britânica, a Wags, que a publicou em 1937. A rainha das selvas só estreou nos EUA em 1938, no primeiro número de Jumbo Comics, da fiction house (uma editora de pulps). Fez tanto sucesso que a editora passou a se dedicar aos quadrinhos. A Jumbo comics foi publicada até o início da década de 1950, quando a perseguição aos quadrinhos mirou nas pernas da heroína principal da revista.
No Brasil, a personagem foi publicada primeiro no Suplemento Juvenil. A última publicação foi um álbum da personagem da Ebal de 1984. O álbum é um belo exemplo da era de ouro dos quadrinhos em histórias: por um lado eram muito ingênuas e por outro flertavam com o erotismo. Todas as histórias trazem Bob, o companheiro de Sheena, um verdadeiro zero à esquerda que, quando não estava fazendo nada, estava sendo salvo pela heroína. Em O templo da morte, por exemplo, a heroína salva um velho maluco chamado mascate (nitidamente desenhado por Eisner) de vilões que querem ficar com um tesouro que ele conhece. Nessa história temos sheena ensinando os aborígenes caçar ou se defender. Suas frases são verdadeiras pérolas de sabedoria pragmática: “Quando o rinoceronte ferido ataca, temos de acertar!”; “O escudo é necessário contra o machado e a clava!”; “Quando o leão aparecer, larguem os tambores e joguem as lanças!”. Ainda bem que os africanos tinham alguém para lhes dar conselhos tão úteis. Em quase todas as histórias do álbum há algum feiticeiro querendo sacrificar alguém, e não o consegue graças à intervenção da heroína. Em uma das histórias aparece uma garota igualmente bonita, filha de um feiticeiro, claro, para antagonizar com Sheena. Quando não estava ensinando dicas de sobrevivência para os africanos, salvando alguém de um sacrifício ou enfrentando mulheres bonitas, Sheena estava se balançado pelo alto das árvores exibindo suas belas pernas.

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