A saga dos X-men no Canadá é um momento menor dos mutantes de
John Byrne e Chris Claremont, especialmente levando-se em consideração que
pouco depois viria a saga de Protheus e a saga da Fênix.
Entretanto, essa história em duas partes publicada em Uncanny
X-men 120 e 121 é um bom exemplo de como a equipe criativa estava evoluindo e
se tornando cada vez mais afinada.
Na trama, os X-men estão voltando para casa depois de terem
ajudado a salvar o Japão. Mas esse retorno não seria nada fácil, já que o
governo do Canadá quer de volta sua Arma X, o mutante Wolverine. Para isso,
chamam Vindix e a Tropa Alfa. O personagem Shaman, usando sua magia indígena,
cria uma tempestade de neve que força o avião com os mutantes a pousar na
cidade de Alberta.
É interessante lembrar que John Byrne, embora seja britânico,
é naturalizado canadense. Essa história mostra o quanto ele já estava
interferindo nos roteiros com sugestões. A introdução da Tropa Alfa, um grupo
de super-heróis canadenses, foi ideia dele. Da mesma forma, é óbvio que ele
retrata locais que conhece, como pontos turísticos da cidade de Alberta.
Byrne também estava cada vez mais desenvolvendo um estilo próprio
e muito característico, que bebia diretamente na fonte de Jack Kirby, com
splash e efeitos visuais, imagens impactantes, mas atualizava o estilo kirbyano
para os anos 80. A splash page em que os dois grupos finalmente se encontram é
um exemplo do que viria a ser o estilo Byrne, com uma construção dinâmica,
impressionante e limpa, com destaque apenas para os personagens. Embora os
personagens estejam parados, cada um deles parece pronto para entrar em ação.
Por outro lado, Claremont tinha a preocupação de desenvolver
até mesmo os personagens secundários, nesse caso a Tropa Alfa. Embora possam
parecer enfadonhos os longos balões de pensamento não são descartáveis, pois
sempre revelam algo sobre a história dos personagens.
Uma curiosidade sobre essa história é que Cíclope e
Wolverine, dois personagens centrais dos conflitos internos, trocam de
característica. À certa altura, o Cíclope perde a cabeça e é Wolverine que age
de maneira racional. Momentos como esse monstravam que os X-men já não eram mais
bidimensionais (como a maioria dos heróis da Marvel da era de prata), mas
tridimensionais.
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