sábado, fevereiro 27, 2021

Viva - a vida é uma festa

 


O ser humano é o único animal que tem consciência da própria morte. A percepção da própria finitude fez com que ele procurasse formas de sobreviver na memória de outras pessoas. Ter filhos, família, deixar uma obra pela qual será lembrado são formas de continuar existindo após a morte, de alcançar a imortalidade.

O esquecimento como uma forma de morte é o tema central de Viva - a vida é uma festa, filme da Pixar dirigido por Lee Unkrich, de 2017.

A história se passa no México. O garoto Miguel sonha se tornar um músico, mas vive em uma família em que todos odeiam a música. A tararavó de Miguel, Amélia, foi abandonada pelo marido músico e a partir de então, a música foi banida do seio familiar.

Durante o Dia de los muertos, a família coloca em um altar as fotos de todos os seus ancestrais, incluindo a foto da taravó e seu marido, com o rosto recortado. Ao acidentalmente, quebrar a moldura, Miguel descobre que o marido de Amélia segurava o violão de Enersto De La Cruz, o que pode indicar que ele é descendente do cantor mais famoso do México. Quando seu violão é quebrado, ele resolve “emprestar” o violão do famoso tataravô como forma de apresentar em um festival de música. É quando a magia acontece: ele é transformado em um fantasma e começa sua jornada pelo mundo dos mortos. Seu objetivo é encontrar Ernesto de la Cruz e conseguir sua benção para voltar ao mundo dos vivos e, ao mesmo tempo, tornar-se um músico importante.

No caminho, encontra com um fantasma abandonado, cujo único sonho é voltar para a terra para visitar sua filha, a única pessoa que ainda se lembra dele. Na realidade do filme, quando alguém é totalmente esquecido, ela desaparece inclusive do mundo dos mortos, sumindo para sempre.

Em sua jornada, Miguel irá descobrir um novo significado para seu talento e se reconciliará com a família.

A cena em que Miguel canta para a vó é um dos momentos mais emocionantes.


O resultado disso é um filme repleto de ação, mas também repleto de significados, engraçado, mas emocionante. É um filme com roteiro pefeito, em que tudo se encaixa e até as piadas de fundo acabam se mostrando fundamentais para a história. E é um filme musical em que nada é forçado, todas as músicas encaixam perfeitamente na narrativa. A música “Lembre de mim”, por exemplo, praticamente resume a história e gera uma das cenas mais emocionantes do filme, quando o garoto canta para a bisavó:

 

Lembre de mim

Hoje eu tenho que partir

Lembre de mim

Se esforce pra sorrir

 

Não importa a distância

Nunca vou te esquecer

Cantando a nossa música

O amor só vai crescer

 

Lembre de mim

Não sei quando vou voltar

Lembre de mim

Se um violão você escutar

 

Ele, com seu triste canto

Te acompanhará

E até que eu possa te abraçar

Lembre de mim

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