terça-feira, março 30, 2021

Os melhores do mundo

 


Super-homem e Batman são os dois mais famosos heróis da DC. Embora sejam totalmente diferentes um do outro, foram unidos em uma das revistas de maior sucesso da Era de Prata, a Word´s Finest (conhecida aqui como Melhores do Mundo). Um dos fãs dessa revista era o desenhista Dave Gibbons, famoso pela série Watchmen. Gibbons propôs à DC fazer uma série, revivendo a parceria. Para desenhá-la foi escalado Steve Rude O resultado foi uma das melhores publicações da década de 1990.
Em muitos sentidos, Melhores do Mundo é o oposto de Watchmen. Se Watchmen teve como principal mérito a desconstrução dos super-heróis, em uma abordagem extremamente realista, Melhores do Mundo é uma homenagem aos heróis e às suas características mais marcantes.
Pelo que pode-se ler do roteiro no final do volume publicado pela Panini, Gibbons deu total liberdade narrativa a Steve Rude, descrevendo apenas sequências, que o desenhista poderia desenvolver de acordo com sua própria narrativa visual. E, meus amigos, Rude é a grande atração da revista. Seu desenho de linhas simples, limpas, mas repleto de detalhes de fundo, é simplesmente perfeito para o projeto. A sequência em que Bruce Wayne visita o Planeta Diário é um bom exemplo disso. Embora o foco seja a convera de Wayne com Lois Lane, as mulheres que passam por eles e olham maravilhadas para o milionário ajudam a caracterizar o alter-ego do Batman como um galã pelo qual todas as mulhes se apaixonam.
O traço limpo e anatômico de Steve Rude era um alívio numa época em que até os músculos dos heróis tinham músculos.

Na história, os vilões fazem um acordo e trocam de cidade: assim, o Coringa vai para Metrópoles e Lex Luthor tenta dominar Gothan. Esse acordo faz com que o Super-homem e Batman também troquem de cidade.
A caracterização dos dois locais é um dos pontos altos da série: Gothan é uma cidade gótica e sombria, suja, enquanto Metrópolis é uma iluminada e dourada cidade art-decó.
Essa dicotomia se reflete também nos protagonistas. Na primeira vez que se encontram, Bruce Wayne e Clark Kent estão abaixo de um relógio, que marca meia-noite e cinco. Wayne diz: “Boa noite”, ao que o outro retruca: “Bom dia”.
Publicada no início dos anos 1990, Os melhores do mundo era um verdadeiro ponto fora da curva numa época em que os heróis estavam se tornando cada vez mais sombrios e violentos e o desenho se tornava uma atração em si (como se fossem pôsteres), deixando a narrativa em segundo plano. Na década de 1990, até os músculos dos heróis tinham músculos.
A série era uma deliciosa volta aos tempos em que os quadrinhos eram apenas divertidos.

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