O conceituado sociólogo italiano Domenico De Masi afirma que o século
XXI será o século da criatividade. De fato, mais que qualquer bem material, a
criatividade é um dos bens mais valiosos da atualidade.
Vejam, por exemplo, Bill Gates. O que fez dele o homem mais rico do mundo?
Terras? Ouro? Fábricas? Não. O que ele tinha era uma idéia que facilitava o uso
dos computadores.
A primeira e mais importante coisa para se dizer a respeito da criatividade é
que ela é o oposto da burocracia.
O burocrata faz sempre as mesmas coisas, do mesmo jeito, e nunca erra, mas
também não cria nada.
Você já reparou que quando um time está sendo incapaz de inovar, de surpreender
o adversário, o locutor diz que a equipe está jogando um "futebol burocrático"
? E é isso mesmo: o burocrata é aquela pessoa incapaz de encontrar soluções
novas para os problemas, seja um jogador de futebol ou um político.
A burocracia surge onde há o medo de errar.
Há chefes que dizem aos seus subordinados: "Não admito erros!". Se
alguém lhe mostra um trabalho que apresenta algum problema, ele a repreende
severamente.
Outros dizem: "Tenho sempre razão e demito qualquer funcionário que me
disser o contrário".
Chefes assim são criadores de burocratas, pois seus subordinados, com medo da
bronca, vão sempre fazer as mesmas coisas que já deram certo anteriormente e
vão sempre concordar com ele. Ou seja, serão incapazes de criar.
Santos Dumont errou muito antes de inventar o avião.
Os exemplos de invenções que começaram com erros são inúmeros. Santos Dumont,
por exemplo, passou por vários vexames antes de conseguir criar um avião capaz
de voar.
Muitas vezes o novo surge justamente do erro. O Champagne foi um vinho que
fermentou. Cristóvão Colombo achava que chegaria às Índias navegando para o
oeste. Errou feio, mas descobriu a América.
E quantas outras invenções e descobertas não surgiram em decorrência do erro?
Mas quem tem medo de errar, e incute esse medo em seus funcionários, fica
parado, não evolui, e leva a breca.
Há algum tempo a revista Exame publicou uma matéria intitulada "A
excelência mata". Nela, temos contato com vários casos de empresas que
fracassaram por serem certinhas demais, em outras palavras, burocráticas.
Um ótimo exemplo é a Olivetti. Ela durante muito tempo dominou completamente o
mercado de equipamentos para escritórios, fabricando máquinas de escrever.
Quando surgiram os primeiros computadores pessoais, os PCs, ela resolveu não
investir. Afinal, os computadores eram caros e na época só os nerds pareciam se
interessar por eles.
A Olivetti teve medo de errar e hoje está com um mercado que em breve não terá
mais demanda.
Claro que passar o resto da vida se conformando com os próprios erros não vai
tornar ninguém mais criativo, mas compreender que o erro é um risco quando se
quer ser criativo, já é bom caminho.
Nas palavras de Domenico de Masi: "Enquanto o burocrata tem razão nove
vezes em dez, o criativo, erra nove vezes, mas quando acerta uma vez, está
abrindo novos caminhos para a humanidade. Na sociedade pós-industrial haverá
cada vez menos lugar para burocratas".
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