segunda-feira, abril 12, 2021

O que é criatividade?

 


Afinal, o que é criatividade? O publicitário Roberto Dualibi a define como "a técnica de resolver problemas". De fato, nós não seríamos criativos se não existissem obstáculos que precisassem ser superados.

Como se diz, a necessidade é a mãe da invenção. Mas a criatividade é também a capacidade de resolver problemas de maneira original, de forma que ninguém havia pensado antes.

Há pessoas que são exímias para resolver problemas, mas não são criativas. O mecânico, por exemplo, que conserta um carro. Ele aprende a resolver os problemas do carro e continua fazendo isso pelo resto da vida, sempre do
mesmo jeito.

A pessoa criativa, ao contrário, pega coisas que todo mundo conhece e que, aparentemente não têm qualquer relação, e faz coisas completamente inesperadas. Um exemplo célebre é aquela cena em que Charles Chaplin pega dois pães, finca em garfos e faz eles dançarem, como se fossem os pés de um bailarino. Pois é. Todo mundo conhece os pães e os garfos, mas ninguém até então havia pensado em juntá-los para fazer um número de sapateado. Isso é criatividade.

A dança dos pãenzinhos de Chaplin é um ótimo exemplo de criação.


O criativo faz conexões absolutamente inesperadas. Essas conexões, fisiologicamente falando, são representadas por ligações entre as células cerebrais, chamadas de sinapses. Os estudos indicam que a maioria das pessoas tem a mesma quantidade de células cerebrais, mas os criativos
têm mais sinapses.

A fase em que a pessoa realiza a maior parte das sinapses é a infância. A criança vê o fogo, aproxima a mão e se queima. Imediatamente cria-se uma sinapse: fogo = queimadura.

Essas sinapses às vezes são tão inesperadas que acabam sendo engraçadas.

Na época da Segunda Guerra, em que eram comuns os apagões para evitar bombardeamento, Monteiro Lobato perguntou a um garoto o que era um blecaute, ao que ele respondeu: "É fechar as cortinas para a guerra não entrar!".Indagado sobre o que era a guerra, o garoto respondeu: "É navio afundado e falar muito em Hitler".

Recentemente o meu filho, de quatro anos, decidiu que eu deveria aprender a dirigir uma locomotiva e se ofereceu como instrutor. Ele me explicou que eu deveria pegar no volante e virar para o lado quando viesse outro trem na mesma linha. Ou seja: ele percebeu uma semelhança entre o carro e o trem, já que os dois são meios de transporte - e concluiu que os dois são dirigidos da mesma forma.

A idéia me pareceu absurda, mas então me lembrei dos ônibus articulados de Curitiba, que transportam mais gente e gastam muito menos combustível. Eles são exatamente uma junção da idéia da locomotiva com a idéia do carro e funcionam muito bem (para aumentar a comparação, eles param em estações, com o os trens).

A pessoa criativa procura sempre novas soluções para os problemas, sejam eles novos ou antigos, e essa solução parte quase sempre de uma lógica bizarra. Uma pessoa certamente muito criativa foi a que inventou as vacinas. Afinal, a lógica da vacina é absolutamente inesperada: injetar um pouco da doença em uma pessoa sã para que seu organismo crie anticorpos...

Ser criativo significa ser também um pouco filósofo: olhar para ascoisas sempre com olhos de criança e ver conexões onde elas parecem não existir.

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