Quando assumiu o título do Monstro do Pântano, Alan Moore revolucionou o personagem. O protagonista deixou de ser Alec Holland e passou a ser um agregado de criaturas do pântano, criado a partir das memórias de Holland.
Mas isso
deixava uma ponta solta: se o monstro não era Holland, o que acontecera com
Holland? Moore aproveitou o número 28 da revista para explicar isso e, ao mesmo
tempo, deixar claro que a revista entrava em uma nova fase. Muito apropriadamente,
a história se chamou de O enterro.
A origem do personagem é revivida.
Desenhada
por Shawn McManus em início de carreira, a história inicia com o protagonista
cavando um buraco (que depois descobrimos ser um túmulo). Corta para um flash
back de uma conversa do personagem com Abbe Cable, no meio do qual aparece o
fantasma de Alec Holland. O monólogo do personagem, enquanto persegue o
espectro, é perfeito: “Você não é Holland. Eu não sou Holland. Holland morreu. Morreu
numa explosão. Eu carrego a consciência e a memória dele. Mas ele morreu e eu não
serei... assombrado... por mim mesmo”.
O fastama o
leva à casa onde Holland e sua esposa faziam pesquisas com a fórmula
biorestauradora e o monstro vê, acontecendo diante de seus olhos, os fatos que
levaram à sua criação: o laboratório explodindo e o cientista em fogo pulando
no pântano.
A HQ é uma despedida poética da fase anterior.
Numa sequencia
maravilhosa, a versão antiga do monstro emerge do pântano, como um fantasma e
ambos ficam frente a frente.
É interessante
como Moore consegue, ao mesmo tempo, ser revolucionário, mostrar uma quebra com
o que veio antes, mas, ao mesmo tempo, ser extremamente reverente com o
material original de Len Wein e Bernie Wrightson numa despedida emocionante e
poética. Uma história simples, sem reviravoltas ou grandes tramas, mas que o
mostra o a estatura de Alan Moore no roteiro.
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