sexta-feira, junho 11, 2021

Morte na Mesopotânia

 


Agatha Christie não só continuou o legado de Conan Doyle na literatura policial, como praticamente criou sozinha um subgênero, em que uma pessoa é assassinada em um local fechado, com poucas pessoas presentes, todas elas suspeitas do crime. No final, o detetive (Poirot normalmente) reúne todos os suspeitos, analisa as motivações de cada para o assassinato e no final revela o verdadeiro assassino, geralmente aquele que o leitor menos espera.
Um ótimo exemplo dessa estrutura é Morte na Mesopotânia. Christie foi casada com um arqueólogo e usou essa experiência para criar uma trama intrigante. Um grupo de arqueólogos está trabalhando nas ruínas no Iraque quando a esposa do chefe da expedição é assassinada. O local onde ocorre o crime é fechado, com guardas no único portão. A situação se agrava mais ainda ao se descobrir que a vítima recebia cartas ameaçadoras de seu ex-esposo, que supostamente estava morto.
Agatha Christie é famosa não só pelas tramas bem elaboradas e pela estrutura inovadora: ela também é uma escritora deliciosa, com uma narrativa fluída, que não perde o encanto nem mesmo quando o que é mostrado é apenas algumas pessoas fofocando. Além disso, tinha a incrível capacidade de criar personagens marcantes e carismáticos, tridimensionais. Essa perícia na criação de personagens se reflete na própria vítima, mostrada tanto como uma dama encantadora quanto como uma vilã capaz de manipular e provocar dissensões no grupo.
São 230 páginas que passam muito rápido.

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