A saga de
Proteus foi o grande marco dos X-men. O tipo de história que mostrava que a
série havia passado para um outro nível de amadurecimento, que, em muitos
sentidos, quebrava com tudo que viera antes em termos de super-heróis. Um
processo que alcançaria seu auge na saga da fênix, na qual a heroína Jean Grey
se tornava uma vilã.
E, de todas as
partes dessa saga, a mais desruptiva foi a última, publicada em The uncanny
X-men 128.
A splash page de
abertura já dava o tom totalmente inovador e criativo imposto pela dupla Chris
Claremont – John Byrne. Em um impactante desenho de Byrne, Proteus e sua mão
Moira aparecem em primeiro plano, enquanto a paisagem da cidade de Endiburgo
aparece distorcida ao redor deles.
Desenho e texto em perfeita harmonia.
O texto de
Claremont era igualmente impressionante. Claremont traz o recurso da
personificção, em que coisas ganham características humanas, para demonstrar a
alteração da realidade provocada por Proteus: “Já ouviu uma cidade gritar? Não
só as pessoas, mas a própria cidade... coisa animadas e inanimadas, vivas e não
vivas, de baratas a paralelepípedos, do topo do arranha-céu mais alto ao fundo
do subsolo mais baixo. Tudo se solta de uma só vez com um grande grito
primordial de medo e agonia conforme o tecido da realidade coletiva se torce e
se rasga, e finalmente se desfaz perante o poder irresistível de um mutante
louco. Tal era Edimburgo, capital da Escócia, no dia em que em Proteus chegou à
cidade”.
A ameaça
representada pelo mutante enlouquecido parece grande demais até mesmo para os
X-men, algo muito bem resumido na frase do Destrutor: “Quase de cara já
perdemos dois X-men, Scotty, e Proteus parece forte como nunca”.
Nem mesmo a
Fênix consegue detê-lo. Aliás, a sequência em que ela o ataca mostra o quanto
Claremont sabia manejar o texto ao mesmo tempo que antecipava a saga da Fenix
negra: “De novo e de novo, Fênix ataca com uma ferocidade que choca Moira. Seu
poder é uma sinfonia dentro dela... uma canção de alegria que alimenta rápido demais
em seu crescendo”.
No final, a
única alternativa encontra é matar o vilão.
Os leitores
atuais podem não ter ideia do que isso representava no início dos anos 80. Naquela
época os super-heróis nunca matavam. Um ou outro vilão podia até morrer, mas
vítima de seus próprios planos, mas um herói nunca matava, por mais periogoso
que fosse o vilão.
Ao mostrar os
X-men matando um personagem, a série deixou claro que iria superar todos os
limites dos quadrinhos de super-heróis.
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