Geralmente quando pensamos em quadrinhos Disney, o que nos vem à mente são as memoráveis HQs com patos de autoria de Carl Barks. Mickey dificilmente parece ter histórias à mesma altura. Entretanto, o personagem teve um autor, Floyd Gottfredson, que criou algumas tiras realmente divertidas nas tiras nos anos 30 e 40. É provável que eu estivesse lendo os gibis errados, mas não lembro dessas HQs nas revistas da Abril. A editora, no entanto, supriu essa falha na coleção de álbuns Anos de ouro de Mickey.
Essas histórias eram publicadas em tiras de jornais e tinham uma dinâmica diversa das páginas dos gibis de Barks. Enquanto Barks tinha páginas inteiras para contar suas gags, Gottfredson precisava ser engraçado a cada tira. E ele, junto com os roteiristas, transformava isso numa infindável comédia de erros. Exemplo disso é a história “A lâmpada maravilhosa” publicada no segundo volume da coleção da Abril.
Na história, Minnie está obcecada por caríssimos objetos antigos. Para provar que ela não entende nada do assunto, Mickey compra num brechó uma lâmpada que pretende dar a ela como uma relíquia.
Ocorre que a lâmpada é verdadeira e abriga de fato um gênio. O problema é que o gênio entende tudo literalmente, o que provoca confusões em cima de confusões, extraindo humor de cada tira.
Mickey, para testar o gênio, pede que ele faça aparecer um coelho. Em seguida pede uma cabeça de repolho para o coelho. O gênio faz com que o animal tenha uma cabeça de repolho!
E isso é só o início de uma sucessão de erros que se estende por dezenas de tiras: quando Mickey diz que quer uma vida mais doce, o gênio enche a casa de açúcar; quando Mickey diz que vai dar uma festa dos diabos, o gênio faz aparecer o próprio demônio.
Finalmente, quando o protagonista aprende a controlar os poderes e fazer algo pelo bem da comunidade, ele transforma um aterro sanitário em vila residencial para pobres.
Mas o povo não aceita se mudar para lá porque fareja uma cilada, afinal ninguém dá nada de graça. Além disso, as autoridades se enfurecem com Mickey pois ele construiu a vila sobre um terreno público, sem autorização, e, aparentemente, usando mão-de-obra de outra cidade. É diversão a cada tira.
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