terça-feira, maio 24, 2022

Fundo do baú - Spectreman

 


Spectreman foi, provavelmente, o primeiro herói ecológico.

A série surgiu em 1971 quando o presidente da produtora japonesa P Productions teve a ideia de fazer um seriado com macacos alienígenas para aproveitar o sucesso do filme O planeta dos macacos. O herói usava um uniforme vermelho com uma máscara na qual aparecia a parte de baixo do rosto e se chamava Elementman. A TV Fuji aceitou a proposta, mas exigiu algumas alterações. Assim, o nome do herói foi mudado para Spectreman, ele passou a usar um uniforme dourado e uma máscara que cobria todo o rosto.

Nessa nova versão, o herói, disfarçado entre os humanos como Kenji e viera para a Terra, a mando dos Dominantes, combater a poluição e a degradação do planeta. Já no primeiro episódio ele procura a Divisão de pesquisa e controle de poluição e avisa sobre um desastre ambiental que acontecerá na bahia de Tókio.

A primeira versão do herói. A máscara fica estranha mesmo. 


Da água poluída surge um monstro que exala gás venenoso e esse é o primeiro adversário do herói.

O monstro foi criado a partir da poluição pelo doutor Góri, que pretende usar monstros gigantes para dominar a Terra. Ele e seu ajudante Karas são de um planeta de homens-macacos super-evoluídos que dominam alta tecnologia. Ao perceberem que Góri pretendia tomar o poder e transformar o local pacífico numa potência militar, ele é condenado à morte, mas foge com a ajuda de Karas. O irônico aí é que Karas, embora tenha vindo do mesmo planeta que Góri, não fala e age como um macaco humano. A dupla bizarra era uma das principais atrações do seriado com suas atuações exageradas.

O gibi publicado pela Bloch e feito por uma equipe brasileira fez sucesso nas bancas.


A P Productions era uma produtora pequena e o tempo de produção era curto, o que fazia com que os episódios fossem excessivamente toscos num gênero que era tosco por natureza. Os cenários eram mínimos e obviamente artificiais, os monstros mal-feitos e o herói quando voava era nitidamente um boneco pendurado numa corda. As explosões eram álcool queimando os raios eram feitos raspando diretamente no negativo do filme.  A nave do Dr. Gori muitas vezes balançava enquanto voava. Mas a mistura de humor, ação e preocupação ecológica agradou e o seriado se tornou popular no Japão. No total foram produzidos 63 episódios.

No Brasil, o seriado chegou em 1981, na Band, mas só chamou atenção mesmo quando começou a ser exibido pelo SBT em 1986 no programa do Bozo. Tornou-se uma febre entre a criançada. Fez tanto sucesso que chegou a ter uma revista em quadrinhos pirata, produzida e publicada pela editora Bloch. Nessa versão o uniforme do herói foi modificado, de dourado para azul em consonância com a mania da editora de cores berrantes. Os roteiros eram de Carlos Araújo e os desenhos do estúdio de Eduardo Vetillo. A revista durou 30 números.

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