sábado, maio 28, 2022

Os 7 de chicago

 

Em 1968 a Guerra do Vietnã se tornara extremamente impopular. Grupos tão diversos quanto objetores de consciência, os panteras negras e hippies resolveram aproveitar a convenção do partido democrata na cidade de Chicago para mobilizar uma grande manifestação. A polícia repreendeu duramente o protesto e oito pessoas foram presas: Abbie Hoffman, Jerry Rubin, David Dellinger, Tom Hayden, Rennie Davis, John Froines, Lee Weiner e Bobby Seale.  O grupo foi acusado de conspiração e ficou conhecido como os 7 de chicago. 

É a história desse julgamento histórico (o lema dos protestos na frente do tribual eram “O mundo está assistindo”) que o diretor Aaron Sorkin relata no aguardado filme da netflix.

Existem muitos filmes de tribunais nas mais variadas abordagens. Entrentato, nesse gênero tão surrado que já gerou algumas obras-primas e muitos filmes meia-boca, Sorkin inova pelo uso de uma edição rápida e trilha sonora da época.

O final dos anos 60 era quando tudo estava acontecendo e tudo estava mudando. Foi quando o rock tomou conta do imaginário popular norte-americano. “Os tempos estão mudando”, cantava Bob Dylan, e o filme reflete isso desde a primeira cena: uma rápida sequência dos acusados se preparando para ir para Chicago e falando sobre suas intenções. A edição faz com que cada um complete a fala do outro.

Quando os vemos novamente, eles estão no tribunal e tudo que aconteceu antes é mostrado na forma de flash backs puxados pelos depoimentos ou pelas lembranças dos acusados – a mais recorrente delas  a dos policiais tirando suas credenciais antes de atacar os manifestantes.

E trata-se de um julgamento completamente manipulado, em que o juiz nitidamente já tinha condenado os réus e chega ao ponto de mandar algemar, amordaçar e prender à cadeira um dos réus (que não estava sendo defendido por advogado) e a dispensar jurados que se mostrassem favoráveis aos réus. O filme mostra isso sem resvalar no dramalhão (ao contrário, é um filme divertido, engraçado) ou mesmo no maniqueísmo (as cenas de disputas entre os réus, que representam grupos diferentes são importantíssimas).

O filme, portanto, não só é bom, mas também tem um dos melhores finais que já vi num filme de tribunais.

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