segunda-feira, dezembro 05, 2022

Gian - Bené - Como nasceu a parceria



Eu e Bené Nascimento nos conhecemos muito antes de sabermos que um fazia quadrinhos e outro era um fã querendo se tornar um roteirista. Nosso primeiro encontro se deu no ônibus, num sábado à tarde, enquanto eu ia para o cursinho Cearense e Bené rumava para o cursinho Rutenford (Bené passou com uma ótima colocação no curso de artes, mas abandonou a universidade).

Sentamos lado a lado e naquele primeiro encontro falamos sobre tudo, menos sobre quadrinhos.

Eu só fui saber que aquela pessoa com a qual havia conversado era um desenhista de quadrinhos em 1989, quando já havia passado no vestibular para comunicação. Estávamos na época realizando um trabalho sobre meios de comunicação de massa e nossa equipe, formada quase que só por fãs da nona arte, se apressou em pegar os quadrinhos. Procurávamos alguém que produzisse HQs para entrevistar quando um dos colegas nos mostrou uma matéria do jornal O Liberal com Bené, com o vergonhoso título “Tudo começou com o Mestre do Kung fu”. O jornalista se aproveitou de que o Bené lera essa revista e ignorou completamente o fato de que o trabalho de Jack Kirby no Thor havia sido uma influência muito mais robusta na sua decisão de ser quadrinista.

Bené conta que quando viu pela primeira vez um gibi do Thor da editora Bloch correu para a mãe, afoito para informá-la de que um dia ia se tornar desenhista de quadrinhos e ia desenhar o Thor, ao que a mãe respondeu com uma risada: “Esse menino está doido!”.

Pois bem, lá estávamos nós, com a matéria de jornal nas mãos, deslumbrados com o fato de que Belém abrigava um desenhista que já publicara em uma editora nacional. Só faltava descobrir como achá-lo. Chegamos a pensar em ir até o jornal procurar o jornalista que o entrevistara e verificar se ele ainda tinha o contato quando alguém nos informou:

- Esse é o Bené. Ele estuda na sala ao lado.

Fui procurá-lo para uma entrevista... e naquele dia nenhum de nós assistiu uma única aula. Passamos a tarde inteira no corredor, conversando sobre quadrinhos. No final, o Bené me perguntou se gostaria de fazer com ele um fanzine.

Assim nasceu o Crash!, provavelmente o primeiro fanzine paraense dedicado exclusivamente aos quadrinhos.


1 comentário:

KA disse...

Muito bacana a memória, Professor. Obrigado por compartilhar!