sexta-feira, dezembro 09, 2022

Super-homem vai à guerra

 

O volume Super-homem vai à guerra, publicado pela editora Nova Sampa em 1993, apresenta três histórias do personagem, duas delas ambientadas na II Guerra Mundial.

Na primeira HQ, Clark Kent consegue salvar várias pessoas após o desabamento de parte de um prédio. Ele finge ficar preso entre os escombros e é socorrido pelo responsável pelo desastre: um cientista que pesquisa energia nuclear. Um dos seus experimentos deu errado e provocou a explosão. Isso vira notícia no jornal de Metrópolis, o Estrela do Dia (sim, esse era o nome do Planeta Diário na época!), o que chama a atenção de uma linda vilã, Ula, parecida com a atriz Dolores Winter. O cientista é sequestrado e obrigado a produzir uma arma capaz de destruir a cidade. O Super-homem vai em seu socorro, mas é convencido por Ula a roubar as jóias da coroa, o que ele prontamente faz.

As histórias foram publicadas em Action Comics 21, 22 e 23. 

Como se vê, o roteiro não tem pé nem cabeça. Nada parece ter consequências. A explosão atômica, no centro da cidade, não provoca mais do que o interesse do público. O Super-homem é obrigado pela vilã a roubar as jóias e o faz e isso também não tem consequência nenhuma. Aliás, o leitor fica sem saber porque ele pratica esse roubo, pois depois ele consegue facilmente derrotar a mocinha.

Então chegamos à segunda história, “Super-homem desarma a traição”. A história começa com o exército de Toran invadindo a Galônia. Embora não seja dito, a metáfora é bem óbvia: Toran é a Alemanha e a a Galônia é a Polônia.



Lois Lane está mais preocupada em curtir férias durante a guerra. 


Clark Kent e Lois Lane são enviados para cobrir o conflito e já na viagem de navio o herói descobre uma espião toraniana, que não só repassa informações, como sugere ao alto comando toraniano bombardear navios de nações neutras como forma de fazê-las aderir a Toran.

Os diálogos são de um humor involutário. À certa altura o super-homem derruba um avião toraniano e diz: “Façam suas orações!”. A espião o vê na ocasião e o chama. Ele responde: “Hoje não dou autógrafos!”. Mais à frente, ele intercepta um míssel, impedindo-o de afundar um navio e proclama: “Venha para o papai!”.

Os diálogos eram constrangedores. 


Aliás, é de se perguntar: numa época em que o personagem tinha poucos poderes e não podia voar, como ele consegue desviar o míssil. A forma como o Super resolve a situação é ingênua: ele invade o alto comando toraniano e força um suposto general (não está vestido como militar) a confessar que bombaerdou um navio neutro. Detalhe: não há gravação, testemunha, nada. Parece que a simples confissão bastava naquela época.


Lex Luthor tinha cabelo. 


A última história do volume, “Super-homem acaba com a guerra”, é uma sequência da anterior e mostra uma evolução no texto de Jerry Siegel. Já não há tantos diálogos constrangedores e a história faz um pouco mais de sentido. Uma curiosidade é que nessa HQ temos a primeira aparição de Lex Luthor. Siegel simplesmente abandona a metáfora Alemanha-Polônia (na verdade, ele abandona praticamente também todos os ganchos que tinha colocado na trama até ali) e coloca no lugar Luthor provocando a guerra entre os dois países. Uma curiosidade é que nessa primeira aparição ele era cabeludo.

Originalmente essas histórias saíram em Action Comics 21, 22 e 23.

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