No número 55 da
revista Swamp Thing, o protagonista da revista tinha aparentemente morrido. A
história gira em torno do funeral do personagem, com direito a uma estátua
feita a pedido da prefeitura de Gothan.
A grande questão a que Alan Moore deve ter se colocado é:
como fazer uma revista inteira sobre um funeral? Como tornar isso interessante
para o leitor?
Gordon e Batman discursam... |
A solução encontrada foi entremear as sequências do funeral
(desenhadas por Rich Veitch e Alfredo alcala) e sequências de flash back ou de
devaneios (desenhadas por John Totleben).
A história é narrada do ponto de vista de Abbe Cable. “Eles
se sentem culpados o bastante para pagar uma estátua e oferecê-la a mim como se
fosse uma reparação. Mas, oh, não passa de pedra fria... ao passo que seu
musco, Alec, era doce, macio e quentinho ao sol”.
Mas Abe está perdida em suas lembranças... |
Há uma fala do comissário Gordon e outra do Batman, mas a
mulher parece prestar pouca atenção a eles, perdida em seus próprios
pensamentos. Um deles faz emergir uma lembrança: “Você já começou a
desaparecer? Será que uma manhã vou acordar capaz de lembrar do seu cheiro,
seus gestos, sua voz? Meu amor... quero que fique nítido e afiado na minha
memória, mesmo que doa”.
Na lembrança, ela chega no pântano e encontra o Monstro sentado, em reflexão. Ela fala com ele, conta sobre seu dia no emprego, mas quando resolve abraçá-lo, ele se desfaz, para seu desespero. O verdadeiro monstro do pântano chega e explica que era apenas uma casca, que ele abandonara quando se deslocara de um local para o outro. O episódio faz com que ela reflita sobre como seria se ele morresse: “Meu Deus, Alec... não morra. Não morra jamais!”.
... e devaneios. |
E a história vai assim, pontuando entre o presente e o
passado, a realidade e a imaginação.
Se a pergunta era: é possível fazer uma história sobre
funeral e mesmo assim ela ser interessante? A resposta é sim, desde que você tenha
o talento de Alan Moore.
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