O segundo ciclo da série Perry Rhodan passou a focar
principalmente nas tramas de espionagem e o volume que deixou isso
absolutamente claro foi o número 55, A sombra do Supercrânio. Escrito por Kurt
Brand, o livro foca em alerta de perigo emitido por um dos mutantes colocados
como espiões nos muitos mundos do império arcônida. Antes de morrer ele envia
para uma nave a mensagem: “Três toques de sino”, que significa uma ameaça
extrema à Terra.
Para investigar o caso, Perry Rhodan envia outro mutante, o
telepata Fellmer Lloyd, que ingressa no planeta Volat com a incumbência de
descobrir qual é essa ameaça.
Apesar de algumas boas sequências de ação e suspense, em
especial no início, esse é um volume morno, nitidamente de preparação de uma
trama maior. Kurt Brand também não é um escritor de destaque, o que faz com que
a história pareça muitas vezes estar se desenvolvendo na marcha ré. Há um
momento, por exemplo, que Fellmer cria um grupo para invadir um prédio, grupo
que é simplesmente eliminado sem mais nem menos e aparentemente sem consequências
(vale destacar que embora cada autor recebesse um resumo do volume que ia
escrever, havia muita liberdade para colocar mais elementos na trama).
A capa original alemã. |
Assim, o capítulo mais interessante do livro é quando
Fellmer entra na selva e encontra a cidade dos volatenses, os habitantes
originais do planeta. Os mesmos são insetos dotados de inteligência. Brand faz
uma boa descrição de sua cultura e sua forma de organização social.
Assim por exemplo, “O centro da cidade era formado por uma
gigantesca praça na qual se via uma construção em forma de favos, que sobressaía
em meio às outras como se fosse um monumento”. As mulheres eram do tamanho dos
machos, mas apresentavam um aspecto mais delicado e gracioso: “Suas antenas
tinham quase o dobro do comprimento das dos homens, e eram muito mais robustas;
e seus impulsos mentais chegavam a Lloyd com o dobro da intensidade”.
A sociedade era dominada pelas fêmeas, de modo que os machos
não exerciam qualquer influência na vida pública ou privada. Mas, de três em três
anos, a inquietação se apossava de todos os volatenses adultos, e então todas
as diferenças se apagavam. Todos eram iguais”.
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