Embora seja mais conhecido por ter criado Sherlock Holmes, Conan Doyle tem uma ampla produção de contos nos mais variados gêneros. Mostrar essa diversidade literária através de quadrinhos é o objetivo do álbum Sherlock Holmes e grandes contos de fantasmas, piratas e mistério, organizado por tom pomplum e lançado aqui pela editora Rai.
O organizador Tom Pomplun foi buscar nos meios alternativos
norte-americanos autores para essa antologia, de modo que a maioria dos nomes é
desconhecida do público brasileiro.
Geary faz uma ótima adaptação de uma história de Sherlock Holmes. |
Talvez o mais conhecido entre nós seja Rick Geary, que já
tinha participado da coleção Clássicos Ilustrados, publicado pela editora Abril
e aqui assina uma adaptação de uma história de Sherlock Holmes, A aventura de Copper
Beeches. Esta, aliás, é a melhor história do do volume. O traço simples, mas
altamente funcional de Geary encaixa perfeitamente nessa história sobre uma
governanta envolta com um trabalho cheio de exigências pouco convencionais e
mistérios. Geary também assina a ótima capa.
Capitão Sharkey, adaptado por Tom Pomplun é outro dos
destaques do álbum. Conta a história do mais sanguinário e deplorável dos
piratas: “Histórias assustadoras eram contadas sobre seu cruel senso de humor e
sua inflexível ferocidade”. Mas um dia seus próprios comandados se cansam dele
e resolvem deixá-lo numa ilha deserta para ser descoberto pelas autoridades.
Preso, Shakey é condenado à forca. Mas ele tem um plano para fugir. A adaptação
funciona, apesar do traço de Pomplun ser excessivamente sujo, com hachuras que
na maioria das vezes parece não acrescentar nada.
O traço sujo de Poplum funciona na história sobre fantasmas. |
O mesmo Poplum assina Os fantasmas de Goresthorpe Grange,
sobre um homem fascinado por fantasmas que compra um castelo medieval e
contrata um “agente do mundo dos espíritos” para povoar o local de fantasmas. O
traço de Poplum muda para um estilo mais caricato aqui, em consonância com o
tom de farsa do conto, o que mostra uma boa visão narrativa. O traço novamente
é muito sujo, embora essa característica combine bem com as sequências das
aparições dos fantasmas.
Outro destaque do álbum é a história do Brigadeiro Gerard, um personagem pouco conhecido de Doyle. |
Além dessas há histórias curtas, algumas de pouco interesse,
como O mestre, ilustrado por Roger Langridge, outras divertidas, como uma
parábola de uma página ilustrada por Neale Blanden. Outras são completamentes
em sentido, como O fiasco de Los amigos, ilustrado por J. B. Bonivert.
No geral, é um volume divertido, que permite perceber a
amplitude da produção de Doyle.
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