O roteirista Giancarlo Berardi, provavelmente um dos
melhores em atividade atualmente, consegue criar tramas inovadoras mesmo dentro
de um gênero padrão, como o policial.
No policial convencional, alguém comente um crime é o protagonista
passa toda a trama tentando descobrir quem é o criminoso.
Em Pena Capital, o desafio é o oposto. Uma garota vai ser
executada, depois de ter sido condenada por supostamente ter matado o pai. O
tempo é muito curto, e Júlia precisa descobrir algum indício que prove a
inocência da personagem antes que ela receba a injeção letal.
Relógios são elementos recorrentes na narrativa... |
Essa trama não só subverte o que a maioria dos leitores espera de uma história policial como acrescenta um aspecto de suspense realmente surpreendente.
A narrativa é divida em três: na primeira vemos o
governador, que poderia dar o perdão para a prisioneira, envolvido numa trama
doméstica que o fará mudar de ideia e assinar a execução.
A segunda narrativa é a da própria condenada, na prisão, no seu último dia de vida incluindo uma visita da irmã. Acompanhamos sua apreensão, seus temores, suas mudanças bruscas de humor, o desespero.
... eles lembram que a hora da injeção letal se aproxima.
E, finalmente, na terceira narrativa, acompanhamos Júlia e
outra personagem refazendo todo o processo de investigação, entrevistando
testemunhas. Nada, no entanto, parece indicar uma reviravolta no processo... e
o tempo vai se esgotando. A reviravolta final não é forçada e parece uma
consequência direta do que vimos até ali.
Berardi (com a ajuda de Maurizio Mantero) consegue fazer um
libelo contra a pena de morte de forma totalmente orgânica, numa trama
empolgante.
Em tempo: algo que me incomoda é ver um dos melhores
quadrinhos do mercado sendo lançado em formatinho (na Itália o formato é maior)
e papel de péssima qualidade enquanto obras totalmente descartáveis estão sendo
lançadas com papel luxuoso e capa dura. Parece que o mercado editorial está
virado de cabeça para baixo.
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