sexta-feira, setembro 29, 2023

Júlia Kendall – Pena de morte

 


O roteirista Giancarlo Berardi, provavelmente um dos melhores em atividade atualmente, consegue criar tramas inovadoras mesmo dentro de um gênero padrão, como o policial.

No policial convencional, alguém comente um crime é o protagonista passa toda a trama tentando descobrir quem é o criminoso.

Em Pena Capital, o desafio é o oposto. Uma garota vai ser executada, depois de ter sido condenada por supostamente ter matado o pai. O tempo é muito curto, e Júlia precisa descobrir algum indício que prove a inocência da personagem antes que ela receba a injeção letal.

Relógios são elementos recorrentes na narrativa... 

Essa trama não só subverte o que a maioria dos leitores espera de uma história policial como acrescenta um aspecto de suspense realmente surpreendente.

A narrativa é divida em três: na primeira vemos o governador, que poderia dar o perdão para a prisioneira, envolvido numa trama doméstica que o fará mudar de ideia e assinar a execução.

A segunda narrativa é a da própria condenada, na prisão, no seu último dia de vida incluindo uma visita da irmã. Acompanhamos sua apreensão, seus temores, suas mudanças bruscas de humor, o desespero.

... eles lembram que a hora da injeção letal se aproxima. 

E, finalmente, na terceira narrativa, acompanhamos Júlia e outra personagem refazendo todo o processo de investigação, entrevistando testemunhas. Nada, no entanto, parece indicar uma reviravolta no processo... e o tempo vai se esgotando. A reviravolta final não é forçada e parece uma consequência direta do que vimos até ali.

Berardi (com a ajuda de Maurizio Mantero) consegue fazer um libelo contra a pena de morte de forma totalmente orgânica, numa trama empolgante.

Em tempo: algo que me incomoda é ver um dos melhores quadrinhos do mercado sendo lançado em formatinho (na Itália o formato é maior) e papel de péssima qualidade enquanto obras totalmente descartáveis estão sendo lançadas com papel luxuoso e capa dura. Parece que o mercado editorial está virado de cabeça para baixo.

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