Um dos diferenciais da passagem de Alan Moore pelo Monstro
do Pântano são as ideias radicais e revolucionárias experimentadas por ele no título.
A mais radical de todas talvez tenha sido a publicada no número 61 da revista.
Nos números anteriores, o personagem está vagando entre
planetas, tentando voltar para a Terra, cujo campo bioelétrico não permite sua
presença. Ele ouve falar de um planeta, J586, que pode ajudá-lo e se encaminha
para lá.
A história começa com um casal de vegetais apaixonados. |
O que ele não sabe é que o planeta é todo composto por uma
flora consciente e racional. Ao adentrar no planeta, ele se transforma num
monstro enorme composto por milhares de seres. A cacofonia de vozes faz com que
ele perca o controle, destruindo a cidade.
A chegada do Monstro é antecipada de várias sequências que
mostram algumas das pessoas que serão aglutinadas no seu corpo. Há um casal
enamorado sendo mostrado em fertilização (“Na lindamente mobiliada cavidade que
alugam no nono andar, Locuss e Disma se acasalam. Fazem isso entre biombos de
pele pintada para não constranger o quarto”); um pastor que perdeu a fé (“Fito
o olho de meu semelhante e O está lá... Imrel não acredita mais nisso”) e uma
artista que trabalha com animais geneticamente modificados, como um grupo de
peixes unidos pela boca.
Ao encorporar, o Monstro acaba aglutinando em si vários indivíduos. |
São esses personagem que irão protagonizar a jornada do terror,
cada um tendo sua vida modificada de alguma maneira pela experiência.
Enquanto isso, o Monstro resultante arrasa a cidade e se
aproxima do viveiro das crianças. Não há como detê-lo sem destruir as pessoas
que o compõe. Quem acaba resolveno da situação é Medphyl, o Lanterna Verde do
planeta, que acabou de perder seu mestre e sente dúvidas sobre suas capacidades.
O encontro com o Monstro do Pântano irá se tornar para ele uma jornada de
auto-conhecimento e uma forma de lidar com a morte.
Moore consegue construir muito mais do que uma história de
ficção científica. Sua trama é repleta de camadas e ensaios sobre uma cultura
diferente da nossa, à exemplo do seguinte trecho: “Medphyl se deleita imerso na
presença do mentor, lembrando-se de seu humor e sua bondade. Jothra comia
apenas animais, nunca a carne de vegetais inferiores”.
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