No número dois da revista do Homem-animal sob a batuta de
Grant Morrison, o personagem tinha perdido o braço numa briga com um ser
híbrido homem e rato, em uma cena chocante. No terceiro número, o personagem
está lá, caído, sem um dos braços, tentando de alguma forma usar seu poder para
sair dessa situação. E aqui vem uma das muitas sacadas de Morrison no título.
Ao rastrear os animais nas redondezas, o herói encontra minhocas. “Claro! Pode
tirar um pedaço, pode cortar no meio... que elas se regeneram”. Até então o
poder de absorver as qualidades de animais haviam se limitado ao óbvio, como
voar, correr mais rápido, ou ter mais força. O roteirista escocês mostrou que
qualquer animal poderia ser útil em um momento ou outro.
A trama do homem-animal é entremeada de duas outras.
O herói usa as habilidades de uma minhoca. |
De um lado, o Fera Bwana,
deixando de lado qualquer sutileza e indo ele mesmo resgatar a macaca Djuba.
Essa mesma sequência mostra, em flash back, como o Fera perdera seu melhor
amigo, executado por um militar em uma guerra civil. Após efetuar sua vingança,
ele volta para casa e descobre que a amiga sumiu.
A terceira trama é centrada na esposa de Budy, que vai à
floresta resgatar uma gata e seus filhotes. Lá ela encontra com os caçadores
das edições anteriores, que jogam a gata para os cachorros e decidem violentar
a mulher.
Morrison critica os caçadores. |
Morrison equilibra bem essas tramas de modo a prender a
atenção do leitor.
Outro ponto relevante da história é quando o cientista
explica ao Homem-animal o que está de fato acontecendo. O laboratório havia
recebido a encomenda de uma arma biológica, que devastasse os rebanhos do
inimigo, mas fosse inofensiva às tropas de invasão. Para isso eles precisavam
de uma cobaia que fosse uma primata evoluída, daí o sequestro de Djuba: “Ela
inclusive era tão amigável e inteligente que alguns de nossos cientistas se
referiam a ela como elo perdido”, diz o cientista.
A história do Fera Bwana é contada em flash back. |
Nesse número já fica bem claro o principal tema da
revista: os direitos animais, as caçadas por diversão, o uso de animais em
experiências científicas. Nos números futuros Morrison exploraria com muita
propriedade esses assuntos. O tema, aliás, já aparece na impressionante capa de
Brian Bolland.
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