Personagens atrapalhados em funções que exigiam competência era uma das fórmulas da Hanna-Barbera para criar humor. Exemplo disso é Pepe Legal, criado em 1959.
Chamado originalmente de Quick Draw McGraw, Pepe Legal era um cavalo xerife – profissão para a qual ele era absolutamente inepto. A ironia dele ser um cavalo, aliás, era aproveitado na abertura do programa, na qual ele conduzia uma diligência, e à certa altura, puxava a carruagem enquanto os cavalos iam confortavelmente lá dentro.
Pepe Legal tinha um ajudante mexicano, um burro chamado Babalu, que era (outra ironia) na verdade, o inteligente da dupla, geralmente resolvendo os casos.
Em um dos episódios, por exemplo alguém está roubando a comida de um rancho, fazendo que com que sobrem apenas feijões para peões comerem. O capataz resolve chamar alguém para resolver o caso e chama exatamente Pepe Legal. O diálogo que se segue é um dos exemplos de como os roteiristas compensavam as limitações da animação com o mais puro humor.
O locutor diz: O capataz do rancho chamou o famoso homem da lei Pepe Legal.
Alguém bate na porta e o capataz diz:
- Entre famoso homem da lei a quem chamei.
- Qual é o problema, capataz?
- Pepe legal, quero que agarre o bandido que está carregando os mantimentos do rancho. Pode fazê-lo?
- Fazer o que?
- O que acabei de falar.
- Oh, sim, isso ceramente. Eu o apanho ou não me chamo... ou não me chamo...
O herói é socorrido pelo ajudante:
- Pepe Legal, acho eu.
- Oh, sim, Pepe Legal, acho eu.
A sequencia termina com o capataz falando ao expectador algo que parece totalmente sem sentido diante da inaptidão do xerife até mesmo para lembrar-se do próprio nome:
- Tenho muita confiança nesse rapaz, seja lá quem for.
Em alguns episódios o personagem assumia a identidade do justiceiro mascarado El Kabong, uma nítida sátira do zorro. O herói sempre chegava pendurando-se numa corda que ninguém sabia onde era amarrada e usava um violão como arma.
O desenho agradou tanto que teve três temporadas, num total de 45 episódios.
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