segunda-feira, outubro 23, 2023

Perry Rhodan – a guerra atômica que não houve

 


De todos os títulos de Perry Rhodan, um que sempre me chamou atenção foi A guerra atômica que não houve, volume 21 da série. É um tremendo nome para uma história e evoca diversas situações e possibilidades.

O volume, escrito por Kurt Mahar, narra a volta de Perry Rhodan à Terra após a aventura no planeta Peregrino. Nos quatro anos em que passou fora, o bloco Oriental (que, na série, seria o equivalente à União Soviética) pretende tomar o poder mundial e, ao ter seus planos frustados pela enorme nave Stardust-III, decide acionar seu armamento nuclear.

Em volume anterior, Perry Rhodan já impedira uma guerra atômica ao usar a tecnologia arcônida para envolver o planeta num campo de absorção de nêutrons. Mas os russos tinham uma nova tecnologia, a bomba catalítica, que não dependia dos nêutrons para a fusão.

Rhodan, resolve a situação simplesmente cortando a energia de todo o bloco oriental.

A capa original alemã. 


Esse é o maior problema do volume. Tudo é fácil demais para a terceira potência. A diferença entre tecnologias é grande demais para que o leitor sinta em algum momento que há um perigo real. A coisa chega ao ponto em que o Major Deringhouse consegue aprisionar sozinho todo o conselho diretor do bloco oriental. Além disso, Mahr não tinha nem o apuro técnico de K.H. Scheer nem o texto humano e divertido de Clark Darlton.

Talvez o ponto mais importante do volume seja a criação de um tribunal penal internacional para julgar crimes de guerra, o primeiro passo para a criação de um governo mundial e para a eclosão de que fazemos parte da humanidade. Como escreve o autor: “(Perry Rhodan) conseguiria de um tempo muito reduzido transformar o homem num terrano, isto é, num ser com uma visão realista de sua verdadeira terra natal”.

Outro aspecto interessante é que, quando se levanta a dúvida sobre qual lei seria usada no tribunal internacional, a escolhida é exatamente a Declaração dos Direitos Humanos. Numa época como a nossa, em que pessoas colocam em dúvida e querem acabar com os direitos humanos, é de se pensar como a ficção científica da década de 1960 era otimista com relação à humanidade.

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