sábado, fevereiro 17, 2024

Homem-animal – A morte do máscara vermelha

 

Uma das características da fase de Grant Morrison à frente do título do Homem-Animal era uma mistura de humor com drama misturado com comentários metalinguísticos. Isso fica claro no número 7, cuja capa, aliás, aproveita muito bem o dom de Brian Bolland para o humor. Nela, o personagem Máscara Vermelha aparece sentado à beira de um prédio, com uma expressão de tédio, enquanto, em segundo plano, o herói luta contra robôs que parecem ter saído de um seriado matinê trash da década de 1940.

A história incia com o vilão Máscara Vermelha aproximando-se da beirada de um prédio e se preparando para saltar. “Ei! Não faça isso! Não pule!”, grita o Homem-Animal.

Ao invés de herói e vilão brigarem, eles simplesmente conversam. 


Ou seja, a história começa no meio e só depois Morrison conta o que aconteceu antes, na forma de flash back. Vemos o herói ligando para casa e descobrindo que o filho não está na escola. “A gente está no meio de uma invasão alienígena!”, justifica o garoto. Mas a ligação é interrompida por um robô descontrolado que se aproxima de um casal. O Homem-animal pega o monte de sucata e joga sobre outro, destruindo dois deles. Os robôs são incrivelmente feios e desengonçados com seus braços e pernas no formato de molas. Ao tentar descobrir de onde vêem essas aberrações ele encontra o vilão à beira do prédio – e aqui chegamos à cena que abre a história.

O diálogo entre os dois quebra totalmente com todas as convenções dos quadrinhos de super-heróis. Em qualquer história padrão, haveria um quebra-pau entre herói e vilão, mas aqui os dois simplesmente conversam. O Máscara Vermelha conta sua origem (curiosamente muito semelhante à do Homem-Animal) e a forma como adquiriu o toque mortal ao pegar num meteoro: “Só pra você saber, na época tinha um monte de meteoros esquisitos caindo. Muita gente andava ganhando poderes estranhos e outras coisas... Um toque mortífero, dá pra acreditar? Todos aqueles homens assombrosos levantando caminhões ou voando e eu tinha que ganhar um toque mortal”.

A origem do vilão é muito parecida com a do Homem-Animal. 


Lendo, fica claro que o vilão se torna vilão apenas porque recebeu o poder errado. “Para mim você não parece um sujeito mau”, diz o herói.

O desenho de Chas Truog funciona bem ao dar o tom certo para a história, com um toque muito leve de humor e de drama.

Histórias como essa mostram que o Homem-animal de Morrison conseguia acertar mesmo nas histórias mais simples e despretensiosas.

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