segunda-feira, abril 15, 2024

Homem-animal – Espelho, espelho meu


Uma das características da fase de Grant Morrison à frente do Homem-animal é a forma inusitada com que ele abordou os personagens da DC Comics, a começar pelo próprio protagonista, que antes só fazia um uso óbvio dos seus poderes, captando habilidades de animais como pássaros (nenhum roteirista antes de Morrison tinha pensando em colocar o personagem para captar as habilidades de uma minhoca para provocar regeneração de membros).

No número 8 da revista, foi a vez de Morrison abordar um vilão, o Mestre dos Espelhos. Aqui a inovação não está exatamente no uso dos poderes, mas na forma como esses poderes são apresentados.

Uma splash page de impacto. 


Na história, o protagonista acorda, vai ao banheiro lavar o rosto e, quando olha no espelho, vê refletido o Homem-animal. “Sabe o que realmente anda errado com nosso relacionamento?”, pergunta a imagem no espelho. “É que a gente não se vê mais cara a cara”, responde a mesma imagem, agora saindo do espelho, em uma tremenda imagem de impacto.

Logo a situação fica clara: o vilão foi contratado por pessoas poderosas, que estão incomodadas com a atuação ecológica do Homem-animal. “Eu tô trabalhando para pessoas que querem te dar uma liçãozinha. Que querem que você saiba que podem te pegar, não importa o que faça ou onde esteja. O que também vale para a sua família.”.

A esposa do herói dá um chute no vilão...


É uma história simples, de luta de herói e vilão, mas lembro que quando li pela primeira vez, na DC 2000 número 14, ela parecia muito descolada e divertida. Também destacava o fato de que Morrison não carregava no texto, ao contrário de outros autores da época, como Chris Claremont. Ali o que contava era a qualidade e não a quantidade. Atualmente, lendo na edição da Panini, percebo que a quantidade de textos e diálogos era de fato bem menor que a média da época. 

... mas quem é atingido é o marido. 


Apesar das qualidades, a história tem um erro de continuidade. Em certo momento, a esposa do Homem-animal dá um chute nos fundilhos do vilão e, no quadro seguinte, aparece o herói caindo em uma poltrona, como se ele tivesse sido atingido pelo chute. Detalhe: não há nenhum motivo para o herói ter caído assim, já que ele não fora golpeado uma única vez na página anterior. Pode ter sido um erro do roteirista, ou do desenhista Chas Truog, vá saber. Em todo caso, foi algo que escapou à editora Karen Berger.

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