quinta-feira, julho 25, 2024

Batman – Barro mortal

 


Uma das características que fazem de Alan Moore um autor tão celebrado é a abordagem inovadora que ele tem sobre os personagens os quais escreve, a exemplo de que foi feito com o Cara-de-barro em Batman anual 11, de 1987.

Moore já começa inovando ao focar sua história no vilão, e não no herói. Além disso, ele constrói sua trama como uma história de amor de tragédia.

Em história anterior já havia ficado estabelecido que o personagem tinha se apaixonado por uma manequim, que lhe pareceu uma mulher imune ao seu toque mortal (Preston Payne acidentalmente matou sua namorada ao tocá-la).

O vilão apaixona-se por uma manequim... 


Aqui, após escapar de um incêndio no museu de cera, ele encontra refúgio em uma loja de departamentos onde encontra uma manequim que lhe parece ser sua amada Helena. Ele passa os dias escondido e de noite aproveita a loja como se os dois (ele e a manequim) estivessem num interlúdio romântico.

Moore transforma esse plot num estudo psicológico: embora a manequim seja inerte e sequer revele emoções (afinal, é um manequim de plástico), o Cara-de-barro começa a ver nela sinais de traição, destacado principalmente pelo fato dela ter sido levada para a sessão de roupas íntimas durante um dia. “Como um idiota, eu havia me preocupado com sua segurança. Imaginei que tivesse sido levada... que o homem de capa a tivesse raptado! E então eu a encontrei... longe de casa. Em roupas de baixo. Como? Como ela pôde fazer isso comigo?”, pensa ele.

... e Moore usa isso para refletir sobre as origens do ciúme. 


Tomado pelo ciúme, o vilão começa a ver mais e mais “indícios” de que a namorada o trai, o que o leva a uma cruzada assassina.

Todos sabem que os vilões do Batman são conhecidos pelo desequilíbrio psicológico, mas nenhum roteirista tinha explorado tão bem essa abordagem quanto Alan Moore nesta história e em Piada Mortal.

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