segunda-feira, julho 08, 2024

Demolidor – Nas mãos de Mercenário

 


O primeiro grande evento do título do Demolidor na fase Frank Miller foi o confronto com o Mercenário nos números 160 e 161.

Nessa fase o roteirista ainda era Roger Mackenzie, que parecia cada vez mais se adaptar ao estilo e aproveitar ao máximo as potencialidades narrativas de Miller.


O casal na rua era Peter Parker e Mary Jane, mas a Abril suprimiu a referência. 


A história começa com uma sequência eletrizante com a Viúva Negra entrando em seu apartamento e dando de cara com o Mercenário, que pretende usá-la como isca para se vingar do homem sem medo. A espião se revela uma adversária formidável, mas é difícil lutar contra alguém que pode usar qualquer coisa como arma.

Essa sequência inicial é uma demonstração perfeita de como Miller era um narrador visual revolucionário. Ele brinca com a diagramação, fazendo quadros que esticam por todo o sentido vertical ou horizontal da página. E usa isso como elemento para dinamizar a ação. À certa altura, por exemplo, o mercenário derruba um candelabro sobre a heroína e o quadro esticado amplia a impressão de algo caindo.

Miller esqueceu de tirar as luvas do herói. 


A história tem direito até a referências a outras séries da Marvel. Num dos quadros, por exemplo, Matt Murdock vê um casal na rua e pensa: “Como eu gostaria que Heather e eu fôssemos um casal como esse. Não parecem ter nenhuma preocupação na vida”. O casal sorridente, que passa lá embaixo é composto por ninguém menos que Peter Parker e Mary Jane Watson, o que torna a cena irônica, já que o Homem-Aranha é conhecido exatamente por seus problemas pessoais. Em tempo: quando a Abril publicou essa história em superaventuras Marvel, a editora simplesmente cortou a referência.

Há também um erro narrativo, um descuido, provavelmente de Miller. Quando entra no apartamento da Viúva Negra e descobre que a ex-namorada foi sequestrada, o Demolidor percebe que o autor é o mercenário graças a uma foto de Natasha com os círculos concêntricos que caracterizam o Mercenário. Como é cego, ele usa o tato para visualizar a imagem. Mas na cena ele aparece usando... luvas!

A sequência do parque de diversões é simplesmente eletrizante. 


Tirando as referências e pequenos erros, a história se destaca mesmo é pela narrativa frenética, que encontra seu auge na sequência do parque de diversões, onde o mercenário prende a Viúva Negra. O cenário é ideal para os planos e ângulos inusitados nos quais Miller era um mestre.

Infelizmente, toda essa preparação tem um fim pífio, com o Mercenário tendo um surto e sendo facilmente derrotado, algo que foge completamente de tudo que havíamos visto sobre ele até então.

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