segunda-feira, setembro 16, 2024

Super-homem – O herói imortal

 

No início da década de 1970 já se vivia a era de bronze. Mas as histórias do Super-homem ainda estavam na era de prata, a exemplo da saga O herói imortal, publicada em Action Comics 385 a 387 e republicada aqui no volume 21 da Coleção Invictus, da Nova Sampa.

A HQ, escrita por Cary Bates e desenhada por Curt Swan, começa com o presidente dos EUA chamando o Super-homem e pedindo que ele não viaje no tempo: “O sucesso da experiência do vortex secreto depende da continuidade entre tempo e o espaço. Portanto, você não deve voar ao futuro ou passado nas próximas 24 horas”.

Mas na sequência, uma mão mecânica aparece do nada e escreve uma mensagem na porta da fortaleza da solidão: “Super-homem, sua ajuda é necessária no ano 101.971”.

O herói resolve viajar para o futuro numa esfera defeituosa. 

O homem de aço conclui que o pedido é urgente e resolve viajar numa esfera do tempo deixada na fortaleza pelos membros da Legião dos Super-heróis, o que, aparentemente, não interferiria na experiência do Vortex. Mas uma plaquinha avisa: “Funciona, mas está com defeito”.

Esse é um dos primeiros muitos problemas do roteiro de Cary Bates. Se o problema é no futuro e o Super-homem poderia viajar a qualquer momento, porque ele não pode esperar até o dia seguinte para viajar para o ano de 101.971? Bates parece não compreender que a data da partida não fará diferente nenhuma em uma viagem no tempo, já que o que vale mesmo é a data da chegada.   

Quando o herói chega ao futuro descobrimos qual é a urgência urgentíssima que levou os homens do porvir a pedirem ajuda do homem de aço. Seria um vilão prestes a destruir a terra? Seria um desastre ambiental? Seria um cataclisma cósmico? Não, é algo muito mais importante: estão roubando dinheiro de um banco!

A esfera defeituosa faz o herói envelhecer. 


O Super descobre que o “ladrão” na verdade é um ser de energia que vive na rede elétrica em volta do cofre e para derrotá-la, pinta de amarelo dinheiro azul. A razão é que o ser só se alimenta de objetos com cores quentes e, ao se alimentar de um alimento com cor fria pintado de cor quente, ele se envenaria. Mas o leitor com inteligência mediana se pergunta: se o dinheiro azul for pintado de amarelo, ele não fica amarelo? A lógica de Cary Bates é bizarra.

Mas vamos em frente: ao tentar voltar para nossa época, o super não consegue porque um vilão o impede – nós não temos a menor ideia de como isso é feito – e a única solução é ir para o futuro.

Após ser impedido de voltar para o passado, o herói viaja para o futuro, onde encontra uma época em que o uso de super-poderes é proibido.

Bates coloca o personagem numa sinuca de bico: como fazer o personagem rejuvenescer e voltar para nossa época? O roteirista resolve a situação nas últimas duas páginas tirando da cartola uma teoria “científica”.

A mesma publicação da Nova Sampa traz também uma outra história do super, escrita por Otto Binder que apresenta uma curiosidade: a HQ é narrada do ponto de vista de uma pedra de kriptonita.

Em tempo: a capa da Nova Sampa é belíssima. Trata-se de uma pintura a nanquim colorido de Ademir Pontes sobre desenho de Neal Adams. 

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