quarta-feira, outubro 23, 2024

Camelot 3000 – O monarca do passado e do futuro

 

Camelot 3000 foi uma obra marcante para a DC. Primeiro porque inaugurou o conceito de maxisérie, que depois viria a ser usado em quadrinhos como Watchmen. Segundo porque foi a primeira publicação da DC voltada exclusivamente para o mercado direto, as lojas de quadrinhos, o que a deixava fora da censura do comics code. “Tendo adicionado um cavaleiro transexual, lesbianismo, incesto e vários outros elementos que desobeciam o código, eu sentia que tinha levado as coisas tão longe quanto elas poderiam ir à época”, conta Mike W. Barr, o roteirista.

Além disso, a arte de Brian Bolland dava uma característica visual única à HQ. Sua mistura de futurismo e Idade Média foi fundamental para que a série fosse um sucesso. Essas características de inovação já apareciam no primeiro número (embora nessas primeiras histórias a arte-final estivesse a cargo de Bruce Patterson, que combinava pouco com o traço detalhista de Bolland).

A série apresentava violência explícita. 


Na história, um garoto, Tom, está fugindo da Inglaterra ocupada por alienígenas na tentativa de chegar à França. O carro onde eles está é atingido por um raio e os pais de Tom morrem. Ele se refugia em uma escavação histórica, mas mesmo assim é perseguido. Ao tentar passar por um corredor ele levanta a tampa de um caixão de onde sai ninguém menos que o Rei Arthur, em uma splah page impressionante que destacava toda a altivez do herói.

Já nessa primeira sequência percebemos como o fato de não estar sujeita ao comics code tornava essa história diferente das outras. A violência aqui não é simulada, mas real e mostrada em detalhes: Arthur usa uma espécie de espada para simplesmente rachar a cabeça de um dos extraterrestres e atravessar o peito de outro – imagens mostradas com realismo por Bolland.

A primeira aparição de Arthur é impressionante... 


Usando a nave dos alienígenas, Arthur e Tom vão para Stonehenge, onde libertam Merlin, mais uma vez em uma splash page impressionate com o personagem, monstruosamente grande, emergindo da terra.

Essa história ainda apresenta textos em excesso, como admitido pelo próprio roteirista: “Quando comecei, eu ainda era da turma do ‘texto em excesso’, um escritor que frequentemente achava que era necessário duplicar em uma legenda descritiva a informação dada ao artista, mas rapidamente percebi que a arte fornecida por alguém do calibre de Brian Bolland não precisava dessas muletas narrativas”.

... assim como a primeira aparição de Merlin. 


Mesmo com esse problema e com a arte-final ainda não adequada, é um começo de fôlego, que deve ter empolgado os leitores americanos e certamente empolgou os leitores das revistas da editora Abril, como Batman e Superamigos.

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