Em 1982, Edward R. Pressman, produtor do filme Conan, o bárbaro, contratou Gerry Conway e Roy Thomas para roteirizarem o segundo filme do personagem. O diretor seria Roger Donaldson, de Smash Palace, um filme neozelandês que tinha sido aclamado pela crítica norte-americana. A pelícicula, que iria se chamar Conan, o rei dos ladrões, parecia um projeto dos sonhos, tanto que Barry Smith, o primeiro artista de Conan, foi chamado para fazer os story boards.
Mas, no meio do caminho, os direitos do
personagem foram vendidos para Dino DeLaurentis. DeLaurentis começou
dispensando o diretor, que foi direcionado para fazer um remake de O grande
motim (o produtor tinha comprado um modelo em escala real do navio H.M.S.
Bounty e queria aproveitar).
A sequência com sanguesugas foi cortada por Dino DeLaurentis.
Quanto ao filme do bárbaro, as mudanças eram
muitas. Para começar, Dino não gostava de sanguessugas nem de ratos, de modo
que a primeira cena teve que ser cortada. O demônio Dagoth também deixou de ser
um demônio alado para ser terrestre porque DeLaurentis queria economizar os
efeitos especiais (Veja bem: ele queria economizar em um filme do Conan!). A
escala dele também foi diminuída.
Para filmar, no lugar do jovem e inovador
Roger Donaldson, o produtor colocou o veterano Richard Fleischer, que tinha
feito 20 mil léguas submarinas na década de 1950. Também contratou um novo
roteirista, Stanley Mann.
Conan ajuda a roubar uma jóia que irá despertar um demônio...
No final, o que foi para os cinemas era tão
diferente que parecia outro filme. Quando Roy Thomas e Gerry Conway mostravam
para cineastas seu roteiros, eles perguntavam: “Por que não filmaram esse?”.
Daí surgiu a ideia de transformar o roteiro
em uma graphic novel.
Para desenhar foi chamado Mike Docherty, com
arte-final de Tony DeZuniga.
A história começa com Conan sabendo que o
amigo Ganimbus foi condenado à forca. “Ele era um hirkaniano fedorento... um
filho de rameira que mataria a própria mãe para roubar o ouro dos dentes
dela... mas lutava como um lobo encurralado e não tinha medo de nada”, diz o
cimério.
Ele resolve, então, vingar o amigo matando o
homem responsável por sua morte. Isso, claro, o leva para a cadeia e
possivelmente para a forca, uma vez que esse homem é o mais poderoso juiz da
cidade.
A sequência final é grandiosa.
Na prisão, ele é visitado por uma garota que
promete ajudá-lo a fugir em troca de ajuda em um roubo.
O roubo na verdade é parte de uma trama para
acordar um demônio antigo chamado por seus fieis de o sonhador, uma referência
óbvia a Lovecraft.
Conan oscila entre o guerreiro que ajuda a
roubar a jóia que irá acordar o demônio ao personagem que irá derrotá-lo.
Dino DeLaurentis também cortou o demônio alado.
A cena em que o demônio aparece é grandiosa,
em absoluto contraste com aquela que foi para os cinemas (eu lembro de ter
assistido e me perguntado: é isso? Sério?). O demônio é imponente, grandioso,
assustador e a sequência em que ele acorda é assustadora, incluindo aí os
assassinatos de seus aceclas.
Hoje o primeiro filme de Conan é um clássico
absoluto, idolatrado pelos fãs. Já o segundo é, quando muito, considerado divertido.
Talvez se tivesse sido aproveitada essa versão, teríamos uma obra à altura do
primeiro.
Essa história foi publicada no Brasil em
Conan em cores número 10.
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