sexta-feira, janeiro 17, 2025

Conan – O chifre de Azoth

 

Em 1982, Edward R. Pressman, produtor do filme Conan, o bárbaro, contratou Gerry Conway e Roy Thomas para roteirizarem o segundo filme do personagem. O diretor seria Roger Donaldson, de Smash Palace, um filme neozelandês que tinha sido aclamado pela crítica norte-americana. A pelícicula, que iria se chamar Conan, o rei dos ladrões, parecia um projeto dos sonhos, tanto que Barry Smith, o primeiro artista de Conan, foi chamado para fazer os story boards.

Mas, no meio do caminho, os direitos do personagem foram vendidos para Dino DeLaurentis. DeLaurentis começou dispensando o diretor, que foi direcionado para fazer um remake de O grande motim (o produtor tinha comprado um modelo em escala real do navio H.M.S. Bounty e queria aproveitar).

A sequência com sanguesugas foi cortada por Dino DeLaurentis.


Quanto ao filme do bárbaro, as mudanças eram muitas. Para começar, Dino não gostava de sanguessugas nem de ratos, de modo que a primeira cena teve que ser cortada. O demônio Dagoth também deixou de ser um demônio alado para ser terrestre porque DeLaurentis queria economizar os efeitos especiais (Veja bem: ele queria economizar em um filme do Conan!). A escala dele também foi diminuída.

Para filmar, no lugar do jovem e inovador Roger Donaldson, o produtor colocou o veterano Richard Fleischer, que tinha feito 20 mil léguas submarinas na década de 1950. Também contratou um novo roteirista, Stanley Mann.

Conan ajuda a roubar uma jóia que irá despertar um demônio... 


No final, o que foi para os cinemas era tão diferente que parecia outro filme. Quando Roy Thomas e Gerry Conway mostravam para cineastas seu roteiros, eles perguntavam: “Por que não filmaram esse?”.

Daí surgiu a ideia de transformar o roteiro em uma graphic novel.

Para desenhar foi chamado Mike Docherty, com arte-final de Tony DeZuniga.

Conan é traído. 


A história começa com Conan sabendo que o amigo Ganimbus foi condenado à forca. “Ele era um hirkaniano fedorento... um filho de rameira que mataria a própria mãe para roubar o ouro dos dentes dela... mas lutava como um lobo encurralado e não tinha medo de nada”, diz o cimério.

Ele resolve, então, vingar o amigo matando o homem responsável por sua morte. Isso, claro, o leva para a cadeia e possivelmente para a forca, uma vez que esse homem é o mais poderoso juiz da cidade.

A sequência final é grandiosa. 


Na prisão, ele é visitado por uma garota que promete ajudá-lo a fugir em troca de ajuda em um roubo.

O roubo na verdade é parte de uma trama para acordar um demônio antigo chamado por seus fieis de o sonhador, uma referência óbvia a Lovecraft.

Conan oscila entre o guerreiro que ajuda a roubar a jóia que irá acordar o demônio ao personagem que irá derrotá-lo.

Dino DeLaurentis também cortou o demônio alado. 


A cena em que o demônio aparece é grandiosa, em absoluto contraste com aquela que foi para os cinemas (eu lembro de ter assistido e me perguntado: é isso? Sério?). O demônio é imponente, grandioso, assustador e a sequência em que ele acorda é assustadora, incluindo aí os assassinatos de seus aceclas.

Hoje o primeiro filme de Conan é um clássico absoluto, idolatrado pelos fãs. Já o segundo é, quando muito, considerado divertido. Talvez se tivesse sido aproveitada essa versão, teríamos uma obra à altura do primeiro.

Essa história foi publicada no Brasil em Conan em cores número 10.

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