domingo, janeiro 19, 2025

Demolidor – A morte de Elektra

 


Sem dúvida, o ponto alto da primeira fase de Frank Miller à frente do Demolidor foi a história publicada em Daredevil 181. Era uma história tão grandiosa que o Denny O´Neil resolveu fazer uma edição especial, com o dobro de páginas – e quem comprou não se decepcionou.

A história é narrada pelo Mercenário, que está preso em uma prisão de segurança máxima, planejando sua vingança contra o Demolidor. A chance surge quando ele é entrevistado ao vivo em um programa de TV – e aqui temos a primeira das muitas sequências inesquecíveis da história.

A sequência da fuga do Mercenário... 


O Mercenário finge uma dor de cabeça e quando o guarda coloca uma pílula em sua boca, ele a cospe no olho do policial, que atira no vilão, desprendendo as correntes que o prendiam. O Mercenário então mata todos os policiais e sequestra o apresentador. A sequência termina com ele fugindo da prisão em um helicóptero.

Esse é o Mercenário se ele existisse de fato – alguém capaz de usar qualquer coisa, incluindo uma pílula como arma. Alguém como uma habilidade técnica tão grande na luta que mesmo desarmado consegue vencer dezenas de policiais fortemente armados.

... é eletrizante. 


Esse início já dá um frio na espinha e faz o leitor pensar: que chance terá o Demolidor contra alguém assim?

Mas antes de se vingar do Demolidor, o vilão tem uma outra missão: matar a pessoa que o substituiu como assassino do Rei... ou seja, Elektra. Ao mesmo tempo, Elektra tinha recebido a incumbência de matar Foggy Nelson, o sócio de Matt Murdock (um gancho, aliás, que Miller tinha jogado lá atrás e que os leitores devem ter se perguntado como ele iria resolver isso).

Elektra não consegue matar Nelson. 


Foggy acaba reconhecendo Elektra, o que salva sua vida. Mas mal o advogado foge, surge o Mercenário.

Hoje em dia, relendo, percebo que foram apenas cinco páginas referente à luta entre os dois. Na minha memória, eram muito mais, o que mostra como, na minha cabeça de leitor, essa luta durou um longo tempo. Isso, claro, fruto da habilidade de Miller para manipular o tempo na narrativa.

Miller manipula a noção de tempo do leitor. 



Essa sequência termina com uma imagem impactante, do Mercenário transpassando Elektra com a adaga sai da assassina. É um quadro em branco, atravessado apenas por um retângulo vermelho. Os cenários aqui seriam apenas um acessório que tiraria a atenção do leitor do que era realmente importante.

Uma das cenas mais impactantes dos quadrinhos de super-heróis.


A morte de Elektra, uma personagem extremamente popular entre os leitores, abalou o fandom e só pode ser comparada, em termos de impacto, à morte da Fênix. No Brasil, as duas mortes foram publicadas com poucos meses de diferença, marcando definitivamente uma geração e leitores.

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