sábado, março 01, 2025

Perry Rhodan – Na selva do mundo primitivo

 



Na selva do mundo primitivo é o título do livro que fecha a saga iniciada em A fuga de Thora.

Nos livros anteriores, Thora fugira para o planeta Vênus e lá, por não ter a senha adequada, tivera sua nave derrubada pela Base. O mesmo acontecera com Perry Rhodan. Os dois se viram quase sem recursos num planeta repleto de perigos naturais acrescidos de um perigo a mais: os russos da missão asiática, que continuavam no local.

Esse volume é escrito por Kurt Mahr, autor que parece ter uma predileção por histórias que se passam em Vênus. Era também o mais fraco dos três autores iniciais da série. Mas aqui sua narrativa melhorou muito, as descrições se tornam mais claras e mais segura e narrativa funciona bem.

A capa original alemã. 


O maior problema é que a fórmula “humanos sendo ameaçados por dinossauros venusianos”, cansa. Não bastasse a aparição nos dois volumes anteriores, aqui parece que todos os dinossauros do planeta resolveram caçar humanos. Aliás, a própria ideia de dinossauros em Vênus para os leitores de hoje parece forçada.

Esse volume tem um problema comum em outros volumes: muitos ganchos vão sendo jogados e tudo se resolve em poucas páginas, o que muitas vezes deixa elementos sem explicação. Por exemplo: antes da chegada de Rhodan e Thora em vênus, os sobreviventes do bloco asiático estavam literalmente em guerra uns com os outros. No final do volume, parece que a paz finalmente vai reinar no planeta. Mas o que aconteceu com os grupos dissidentes? Todo mundo virou amigo de uma hora para outra? 

O processo de elaboração da capa do livro Cabanagem

 

O ilustração da capa elaborada por Chris Ciuffi para meu livro Cabanagem está recebendo os mais diversos elogios. De fato, é uma ilustração poderosa, belíssima, que conseguiu reunir os diversos elementos do livro, em especial o histórico e o mitológico. É uma capa que "conta a história".
Mas para chegar a esse resultado realmente fenomenal foi necessário todo um processo. Entenda quais foram os passos desse processo. 
Esse foi o primeiro esboço do desenhista, só com os elementos básicos, mostrando como seria a composição da ilustração. 

Aprovado o esboço, Chris produziu uma imagem mais detalhada de como seria a capa. Eu considerei que o personagem dentro da água deixaria a cena mais emocionante. Além disso, na imagem final, o personagem trocou o facão e a arma de fogo de mão. Um problema deste desenho que foi consertado foi justamente a arma de fogo: Chris desenhou um revólver, que não existia na época, e foi substituído por uma garrucha no desenho seguinte. 

Aqui o lápis definitivo. Eu gostei muito da imagem, mas o rosto do personagem me incomodou, pois os traços davam um ar de maldade, deixando a impressão de que ele era o vilão da história. .Nessa imagem já aparecem sombras ao fundo, que representam os seres da floresta. A ideia aí não era mostrar diretamente esses seres mitológicos, mas apenas sugeri-los, algo que faço muito no próprio livro. O desenhista inclui aqui uma cobra vindo na direção do cabano. Embora essa cena não exista no romance, ela deu dramaticidade à imagem e a impressão de perigo ininente.  
Essa foi a versão definitiva do lápis. A imagem ficou tão boa que bastou colorir. A versão colorida dessa imagem se tornou a capa definitiva, sendo necessários apenas alguns ajustes.
 Essa é a versão colorida do último desenho. Ficou muito boa, mas foi necessário uma pequena mudança: o facão estava confundindo com o fundo e sugeri que fosse dado um brilho de metal nele, destacando sua lâmina.
O livro já pode ser comprado no site da editora: https://aveceditora.com.br/produto/cabanagem

Ken Parker – Os pioneiros

 

 

Algumas histórias de Ken Parker poderiam facilmente serem adaptadas para o cinema – e com certeza dariam bons filmes.

O episódio Os pioneiros, número 53 da série, é um exemplo. A história tinha toda a estrutura para se transformar num bom filme.

A trama começa com Ken Parker salvando um fazendeiro no meio de uma tempestade areia. O homem havia tentando ir para a cidade chamar um médico para o filho, que arde em febre. Pioneiro da região, ele viu o rio secar e toda a sua fazenda se transformar num verdadeiro deserto.

Trevisan dominava perfeitamente a narrativa visual. 


Essa história tem um enredo muito parecido com o de um filme famoso, Os brutos também amam: um desconhecido chega a uma fazenda com sérios problemas, passa a ser idolatrado pelo filho do casal e desperta a paixão da esposa do fazendeiro.

Mas Giancarlo Berardi traz questões e dilemas que vão muito além de Os brutos também amam. Uma das mais interessantes é caracterizar o fazendeiro como um pacifista, que jogou fora a única arma que tinha em casa. A trama toda gira em torno desse dilema: pode alguém pacifista continuar íntegro no meio de um ambiente bruto como o velho oeste?

A sequência em que Parker ensina o garoto a caçar é memorável.


A edição traz momentos memoráveis: Ken Parker ensinando o menino a caçar; a esposa enlouquecida com a morte do filho mais novo; a própria tempestade de areia. Essas sequências são destacadas pelo ótimo desenho de Trevisan, com traços soltos e rápidos e ótima narrativa visual. 

Jogador número 1

 

Jogador Número 1 conta a história de um futuro tão desolador que as pessoas vivem a maior do tempo em um jogo, o Oasis, criado por nerd. Ao morrer, ele deixa três chaves que, uma vez descobertas, tornarão seu dono proprietário da rede social. Ocorre que uma empresa rival quer desvendar o segredo para transformar o Oasis numa distopia. 
O filme é uma homenagem de Steven Spielberg à cultura pop, em especial aos jogos, filmes e seriados. São milhares de referências (ou easter eggs) espalhados pela trama, do carro do protagonista a uma das armas usadas por ele (o cubo Zemeckis). Destaque para a sequência-homenagem ao filme O Iluminado. 
É também uma reflexão sobre o mundo hiper-real em que vivemos, em que o virtual se torna mais importante que a realidade concreta. Spielberg consegue manipular com perfeição essas instâncias, a ponto de muitas vezes o expectador não perceber onde começa um e termina outro. O simples fato de que a pessoa que ganhar um jogo virtual se tornará a pessoa mais rica do planeta é o melhor exemplo disso.
Uma aventura divertida, dirigida por um mestre do cinema, um filme homenagem e, principalmente, uma reflexão necessária para os tempos atuais.

Homem-Animal – O último inimigo

 

Ao voltar de sua jornada psicodélica no deserto, no número 20 da série, o Homem-Animal descobre que sua mulher e seus filhos foram mortos, o que o coloca em uma jornada de depressão e, depois, vingança.

No começo, vemos o personagem catatônico, sendo cuidado pelos vizinhos. Para demonstrar visualmente o deslocamento do personagem da realidade, são introduzidos borrões nos quadros, como se ele tivesse apagado entre uma situação e outra. O recurso funciona muito bem e consegue, de maneira simples, demonstrar o estado de espírito do personagem.

Borrões são usados para expressar o estado de espírito do personagem. 


Em paralelo a isso, temos sequências com o assassino e seu encontro com a organização que ordenou as mortes. Descobrimos que se trata de um grupo que tem sido afetado pelas atividades ecológicas do Homem-Animal e pretende fazer com que ele pare de incomodá-los.  

O herói só sai do estado de depressão quando o Mestre dos Espelhos entra em contato dizendo saber quem foi responsável pela chacina. A partir daí, o Homem-Animal inicia sua jornada de vingança, matando um a um os responsáveis.

O herói embarca em uma jornada de vingança. 


Embora essa trama de vingança fosse, em muitos sentidos, semelhante à trama de vingança do Monstro do Pântano (o que é uma ironia, já que Morrison se apresentava como o anti Alan Moore), é uma história empolgante, na qual o personagem usa de maneira criativa os poderes animais. À certa altura, por exemplo, ele usa a habilidade de uma mosca de experimentar de maneira mais vagarosa a passagem do tempo e assim destruir um robô.

O herói usa a percepção de tempo de uma mosca. 


Vale lembrar também que, naquela época, super-heróis não matavam, não importa o motivo.

O bom desenvolvimento dessa história mostra a razão pela qual o Homem-Animal, um personagem obscuro da DC, se tornou o carro-chefe da revista DC 2000.