quinta-feira, novembro 20, 2008

Metrópolis e O pagamento

Aproveitei o feriado para assistir alguns filmes que estavam comigo, mas não tinha tempo de assistir:


Metrópolis (Fritz Lang, 1927) - clássico do expressionismo alemão, com direção de Fritz Lang. Foi diversão e obrigação, pois vou fazer meu TCC de especialização no curso de Artes Visuais do Senac sobre o cinema expressionista alemão. Mais especificamente, sobre o filme O Gabinete do Dr. Caligari (que eu e o José Aguiar adaptamos para os quadrinhos, aliás, o tema da monografia será justamente analisar o processo de adaptação). Metrópolis é um filmaço, uma obra-prima, que serviu de referência para tudo que veio depois dele no gênero. Acho que o exemplo mais recente é o desenho animado da Pixar Wall-E.
Vejam se já viram algo parecido: um playboy vive numa sociedade utópica, em que as pessoas apenas curtem a vida. Um dia ele se apaixona por uma garota e, seguindo-a, descobre o mundo subterrâneo, onde ficam os trabalhadores, que exercem suas atividades até a exaustão.
A moça é uma espécie de profeta desse mundo sofrido e diz que as coisas vão mudar quando aparecer alguém que faça uma ponte entre os intelectuais (o cérebro) e os trabalhadores (as mãos). Essa pessoa representaria o coração, e, no caso, seria o próprio protagonista.
Surge então um cientista transtornado porque perdeu a mulher que ama, que cria uma cópia robótica da moça, que tem como objetivo insuflar os trabalhadores contra o povo da superfície, provocando o apocalipse. Ao mesmo tempo, a moça-robô, usando de sua sensualidade, coloca o povo da superfície num êxtase mortal... termina, claro, com o cientista fugindo com a moça nos braços, pelo telhado de uma catedral, e o herói deverá salvá-la e deter o vilão.
Temas como a alienação das classes altas, que apenas se preocupam em se divertir e não percebem de onde vem seu luxo é comum tanto em Wall-E quanto em Metrópolis. Eu poderia acrescentar aí o meu filme favorito de FC: Fuga do século 23, que depois virou seriado... E a apoteose, com o herói salvando a mocinha é feito nos moldes da maioria dos filmes de ação que a maioria de nós já viu...
Um clássico, que influenciou não só no roteiro, mas também nos aspectos visuais. A cenografia ecoa, por exemplo, nos desenhos animados de Batman, Superman e Liga da Justiça... e o uso da luz como elemento dramático feita pelos expressionistas virou quase uma cartilha, que era adotada ao pé da letra em seriados como Jornada nas Estrelas. Quem tiver a sorte de assistir e ver a primeira cena da moça, com a luz incindindo sobre ela, como se fosse uma santa, vai se lembrar do episódio Deste Lado do Paraíso, de Jornada nas Estrelas, em que o mesmo recurso é usado para uma persoangem feminina. Genial, genial, genial...
O pagamento (John Woo, 2003) - baseado num conto de Philiph K. Dick, o autor lisérgico que escreveu histórias que deram origem a filmes como Blade Runner, O Vingador do Futuro e Minorit Riport. Como constumam ser a histórias de Dick, esse é um triller intrigante: um engenheiro especializado em engenharia reversa costuma ser contratado por grandes empresas para roubar idéias da concorrência, melhorando-as. Depois do serviço, ele tem sua memória apagada. Durante um serviço, ele acorda, sem se lembrar de nada, e descobre que algo deu errado e que seus empregadores o estão perseguindo. A única saída é um pacote de coisas banais, como um clipe de papel ou uma chave, que ele mandou para si mesmo antes de sua memória ser apagada. Ele deverá decifrar o que esses objetos representam para poder sobreviver. A premissão é MUITO interessante e poderíamos ter um filmaço, como Blade Runner, mas a escolha de John Woo para a direção deslocou o foco dos paradoxos temporais e da trama em si para as perseguições e golpes de kung-fu. Procurei na net e não consegui descobrir qual foi o conto de Dick que deu origem à história. Se alguém souber, avise. Dick escrevia constantemente sob influência de alucinógenos e era médium, o que explique as histórias malucas que ele escrevia, histórias que fugiam completamente do senso comum. Um amigo diz que ele morreu justamente por não conseguir controlar essa mediunidade. Não duvido.



Mate sua curiosidade e compre Metrópolis no Submarino. Ou então, compre O Pagamento.

1 comentário:

lionel disse...
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