Na
década de 1950, as revistas de super-heróis entraram em crise. As vendas foram
caindo cada vez mais e a maioria das editoras migrou para outros gêneros, como
o terror, o romântico e o faroeste. Apenas os personagens mais populares, como
o Super-homem e o Batman, ainda continuavam vendendo bem.
Então,
em 1956, a editora National (atual DC Comics) teve a idéia de relançar alguns
heróis da era de ouro dos super-heróis. O primeiro personagem escolhido foi o
velocista Flash. Para editar a revista foi escolhido Júlio Schwartz, que
editara a revista original, na década de 1940. Acontece que Schwartz não
gostava do personagem, muito menos do uniforme, e pediu para o escritor Robert
Kanigher e os desenhistas Carmine Infantino e Joe Kubert para reformularem
totalmente o personagem, inclusive com um uniforme que destoasse completamente
daquele usado na era de ouro (que era baseado no deus Hermes). Assim, o novo
personagem era alter-ego de Barry Allen, um cientista da polícia que ganhava
poderes ao ser banhado por produtos químicos. Ex-agente literário de escritores
de ficção-científica, Schwartz resolveu dar um ar científico ao personagem
acrescentando notas de rodapé explicando, por exemplo, que Flash conseguia
atravessar objetos sólidos vibrando velozmente as moléculas de seu corpo. Deu
certo. A nova abordagem agradou bastante os leitores, fazendo com que a revista
do personagem inaugurasse a chamada Era de Prata dos super-heróis. Afinal, os
tempos eram outros. Com a corrida espacial e a possibilidade de uma guerra
nuclear, explicações científicas pareciam algo muito mais real do que magia.
O
próximo personagem a ser revitalizado foi o Lanterna Verde. Enquanto o Lanterna
da era de ouro parecia mais com Aladin e a lâmpada mágica, o novo era um
patrulheiro espacial. Assim, o piloto de testes Hall Jordan recebe um anel de
uma alienígena moribundo que fazia parte da tropa dos Lanternas Verdes. Com
isso, ele se torna o novo patrulheiro, responsável pela área do universo em que
está a Terra.
Em
abril de 1958 estreou a primeira equipe de super-heróis da Era de Prata. A
Legião dos super-heróis surgiu numa aventura do Superboy, mas logo foi
conquistando fãs, que começaram a clamar por novas aventuras. A criação dos
personagens com estranhos poderes e origens (Rapaz Cósmico, Garota de Saturno,
Rapaz Triplo e Violenta Encolhedora, entre outros) foi obra do roteirista Otto
Binder, ex-roteirista do Capitão Marvel. Entretanto, a revista se tornou um
sucesso após a entrada no título de um escritor novo, que mandava suas
histórias por correio, chamado Jim Shooter. Um dia a editora convidou-o para
conhecer a redação e todos levaram um susto: o novo talento era, na verdade, um
garoto de 13 anos!
O
sucesso desse revival dos heróis fez com que os editores da National decidissem
reviver a Sociedade da Justiça. Mas Julius Schwartz achava que o nome Sociedade
era formal demais, trocando-o por Liga, uma palavra conhecida dos jovens por
causa das ligas de beisebol. O novo grupo reunia os principais heróis da
editora e fez grande sucesso. Era a lógica do mais pelo mesmo: mais heróis pelo
mesmo número de páginas. A Liga da Justiça estreou na revista The Brave and the
Bold em março de 1960.
Além
da reformulação dos personagens, outra grande sacada de Schwartz foi estreitar
a comunicação com os leitores, ao criar a seção de cartas na qual apareciam os
endereços dos fãs. Com isso, eles eram estimulados a trocar correspondência
entre si e o resultado foi duplo: os gibis deixaram de ser leitura descartável
para se tornarem itens colecionáveis e começaram a surgir vários fanzines,
revistas feitas por fãs, que divulgavam os personagens e revelavam novos
talentos. Alguns dos grandes escritores de quadrinhos, como Roy Thomas,
surgiram nos fanzines.
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