Quentin Tarantino é um sacana. Exemplo disso, é seu
novo lançamento, “Era uma vez em Hollywood”, um filme feito como uma forma de
vingança cinematográfica contra Charles Mason e sua gangue, que, em 1969,
assassinaram a atriz Sharon Tate, grávida de oito meses, esposa do diretor
Roman Polanski.
O filme é centrado no vizinho de Tate, um ator
decadente de seriado de faroeste, Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) e seu dublê Cliff
Booth (Brad Pitt). Dalton vê o cinema convencional ser eclipsado pelo cinema de
contracultura, representado por diretores como Polanski, e a produção de
wertern se deslocar dos EUA para a Itália. E, em meio a isso, as tensas cenas
com a gangue de Mason, como a visita de Booth ao rancho Spahn, uma fazenda que
tinha sido cenário de filmes de faroeste e que na época era dominada pela
gangue.
O filme é assim, uma descrição do cenário
cinematográfico do final da década de 1960, uma vigança pessoal do diretor, uma
homenagem à atriz Sharon Tate. E é óbvio que Tarantino faz de tudo isso uma
grande diversão e prazer, a começar pelas várias sequências centradas nos pés
das atrizes.
Além disso, o diretor aproveita os flash backs de
Dalton e Booth para fazer paródias de filmes e até de comerciais (não percam a
cena pós-crédito, com os bastidores da filmagem de uma propaganda de cigarro).
A cena da filmagem do piloto de um faroeste no qual
DiCaprio faz o papel de vilão é um dos grandes momentos do filme e uma grande
demonstração de como Tarantino consegue tirar o melhor dos atores. Destaque
para a atriz mirim Julia Butters, em uma química perfeita com DiCaprio.
Como é comum em outras obras de Tarantino, Era uma
vez em Hollywood é repleto de citações a filmes e seriados reais, a começar
pelo próprio título, que faz referência direta à mais famosa película de Sérgio
Leoni, Era uma vez no oeste.
A estrutura de flash backs, que tomam metade do
tempo do filme, torna o roteiro meio desconjuntado. Mas se você se propor a se
divertir tanto quanto o diretor, dificilmente isso será um incômodo.
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