O curupira
foi o primeiro ser encantado brasileiro registrado pelos europeus. Em uma carta
de 1560, José de Anchieta já o citava. Em 1663, o padre Simão de Vasconcelas
referia-se a ele como um gênio de pensamento “num exótico de mentiras e
enganos”.
Esse ser
mitológico mudava de local para local, chegando mesmo a mudar de nome: Curupira
na Amazônia e Caipora ou Caapora no sul. Em comum, a característica de ser o
protetor da floresta, que castiga quem mata caça pequena ou fêmeas ou prejudica
a floresta de alguma forma.
Segundo
Câmara Cascudo, “Vigiando árvores, dirigindo manadas de porcos-do-mato,
arracadas de veados e pacas, assobiando estridentemente, passa a figura esguia
e torta do Curupira, o mais vivo dos deuses da floresta tropical, presente às
histórias infantis aos episódios de caça, aos acidentes da luta do homem
n´Amazônia. É o eplicador dos mistérios, passando seus cabelos de fogo, seus
pés virados como Enotocetos de Mégasthènes, registrados em Estrabão, seus
dentes azuis, seus assobios açoitantes, na memória de todas as recordações”.
O
maestro paraense Waldemar Henrique eternizou-o numa canção:
“Já
andei três dias e três noites pelo mato
Sem
parar
E no meu
caminho não encontrei nenhuma
Caça pra
matar
Só
escuto pela frente pelo lado o Curupira
Me chamar
Ora
aqui, ora ali, se escondendo sem
Parar
num só lugar
Por esse
danado muitas vezes me perdi
Na
caminhada
E nem
padre nosso me livrou desse
Danado
da estrada”
O
curupira aparece no meu romance Cabanagem desenhado pelo grande quadrinista
Laudo numa imagem que representa bem o caráter do mestre do engano.
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