De todos os títulos de Perry Rhodan, um que sempre me chamou atenção foi A guerra atômica que não houve, volume 21 da série. É um tremendo nome para uma história e evoca diversas situações e possibilidades.
O volume, escrito por Kurt Mahar, narra a volta de Perry
Rhodan à Terra após a aventura no planeta Peregrino. Nos quatro anos em que
passou fora, o bloco Oriental (que, na série, seria o equivalente à União
Soviética) pretende tomar o poder mundial e, ao ter seus planos frustados pela
enorme nave Stardust-III, decide acionar seu armamento nuclear.
Em volume anterior, Perry Rhodan já impedira uma guerra
atômica ao usar a tecnologia arcônida para envolver o planeta num campo de
absorção de nêutrons. Mas os russos tinham uma nova tecnologia, a bomba
catalítica, que não dependia dos nêutrons para a fusão.
Rhodan, resolve a situação simplesmente cortando a energia
de todo o bloco oriental.
Esse é o maior problema do volume. Tudo é fácil demais para
a terceira potência. A diferença entre tecnologias é grande demais para que o
leitor sinta em algum momento que há um perigo real. A coisa chega ao ponto em
que o Major Deringhouse consegue aprisionar sozinho todo o conselho diretor do
bloco oriental. Além disso, Mahr não tinha nem o apuro técnico de K.H. Scheer
nem o texto humano e divertido de Clark Darlton.
Talvez o ponto mais importante do volume seja a criação de
um tribunal penal internacional para julgar crimes de guerra, o primeiro passo
para a criação de um governo mundial e para a eclosão de que fazemos parte da
humanidade. Como escreve o autor: “(Perry Rhodan) conseguiria de um tempo muito
reduzido transformar o homem num terrano, isto é, num ser com uma visão
realista de sua verdadeira terra natal”.
Outro aspecto interessante é que, quando se levanta a dúvida
sobre qual lei seria usada no tribunal internacional, a escolhida é exatamente
a Declaração dos Direitos Humanos. Numa época como a nossa, em que pessoas
colocam em dúvida e querem acabar com os direitos humanos, é de se pensar como
a ficção científica da década de 1960 era otimista com relação à humanidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário