sábado, setembro 07, 2024

Homem-Animal - Raposa em fuga

 


Uma das inovações trazidas por Grant Morrison para o Homem-Animal foi colocá-lo como um defensor dos animais - na versão anterior ele era um caçador. 

Na edição 10 da revista ele não só salva uma raposa que está sendo caçada, como ainda tira uma foto promocional com o grupo sabotadores de caça. O mais interessante disso, além do fato óbvio da defesa ecológica é que o episódio torna-se uma metáfora para a ameça enfrentada pelo herói. 

A história usa uma narrativa paralela entre a caçada a uma raposa e à heroina. 


Não por acaso, uma outra heroína que está sendo perseguida e que vai até buddy em busca de ajuda, Vixen, tem poderes animais e aparência de raposa. A narrativa ente a heroína e a raposa se alternam, formando um paralelo entre as duas situações. 

Essa trama é entremeada com outra, com os alienígena, que, aparentemente criaram o Homem Animal. Mas a versão nova não bate com a antiga. Como explicar as discrepâncias? Essa foi a forma do roteirista explicar a diferença da sua versão para a versão clássica do personagem ao mesmo tempo em que introduz um novo uniforme com um A mais alongado e óculos mais estilosos.

"Todos nós somos palavras numa página" - a metalinguagem que seria característica do título começa a aparecer aqui. 


Vale lembrar que essa estratégia vinha de Alan Moore, que teve a preocupação de alinhar sua versão do personagem não só à versão antiga mais famosa, como também à primeira aparição do personagem, que se passava no século 19.

Morrison ainda coloca os dois heróis em rota de colisão com um vilão simiesco na África. E aqui temos uma das melhores sequências dessa saga. Os dois estão aprisionado em local isolado, sem nenhum animal por perto, o que torna o protagonista inofensivo. 

O personagem é desconstruído: novo uniforme. 


- Estão prontos para morrer? - pergunta o vilão. 

- Eu estou. - responde o Homem Animal. Mas ele não. 

E vemos o herói se transformar em dois e depois em uma multidão. 

O vilão tinha esquecido dos protozoários e de sua capacidade de auto-replicação! 

Morrison introduz humor na história. 


Morrison, como se vê, estava elaborando uma versão pouco convencional do herói. Isso aí mesmo tempo em que contava uma trama empolgante e divertida.

Não é por acaso que, embora no Brasil essas histórias fossem publicadas na revista mix DC 2000, que tinha personagens mais conhecidos, como a Legião dos Super-heróis, o Homem Animal era a razão pela qual os leitores compravam.

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