Uma das inovações trazidas por Grant Morrison
para o Homem-Animal foi colocá-lo como um defensor dos animais - na versão
anterior ele era um caçador.
Na edição 10 da revista ele não só salva uma
raposa que está sendo caçada, como ainda tira uma foto promocional com o grupo
sabotadores de caça. O mais interessante disso, além do fato óbvio da defesa ecológica
é que o episódio torna-se uma metáfora para a ameça enfrentada pelo
herói.
A história usa uma narrativa paralela entre a caçada a uma raposa e à heroina.
Não por acaso, uma outra heroína que está
sendo perseguida e que vai até buddy em busca de ajuda, Vixen, tem poderes
animais e aparência de raposa. A narrativa ente a heroína e a raposa se
alternam, formando um paralelo entre as duas situações.
Essa trama é entremeada com outra, com os
alienígena, que, aparentemente criaram o Homem Animal. Mas a versão nova não
bate com a antiga. Como explicar as discrepâncias? Essa foi a forma do
roteirista explicar a diferença da sua versão para a versão clássica do
personagem ao mesmo tempo em que introduz um novo uniforme com um A mais
alongado e óculos mais estilosos.
"Todos nós somos palavras numa página" - a metalinguagem que seria característica do título começa a aparecer aqui.
Vale lembrar que essa estratégia vinha de
Alan Moore, que teve a preocupação de alinhar sua versão do personagem não só à
versão antiga mais famosa, como também à primeira aparição do personagem, que
se passava no século 19.
Morrison ainda coloca os dois heróis em rota
de colisão com um vilão simiesco na África. E aqui temos uma das melhores
sequências dessa saga. Os dois estão aprisionado em local isolado, sem nenhum
animal por perto, o que torna o protagonista inofensivo.
O personagem é desconstruído: novo uniforme.
- Estão
prontos para morrer? - pergunta o vilão.
- Eu
estou. - responde o Homem Animal. Mas ele não.
E vemos o herói se transformar em dois e
depois em uma multidão.
O vilão tinha esquecido dos protozoários e de
sua capacidade de auto-replicação!
Morrison introduz humor na história.
Morrison, como se vê, estava elaborando uma
versão pouco convencional do herói. Isso aí mesmo tempo em que contava uma
trama empolgante e divertida.
Não é por acaso que, embora no Brasil essas
histórias fossem publicadas na revista mix DC 2000, que tinha personagens mais
conhecidos, como a Legião dos Super-heróis, o Homem Animal era a razão pela
qual os leitores compravam.
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