quinta-feira, setembro 05, 2024

Tropa Alfa – Cegueira branca

 

No número 6 da série Tropa Alfa, John Byrne demonstrou que estava disposto a experimentar o máximo possível, testando até onde os editores o deixavam ir.

A história é protagonizada pela heroína Pássaro da Neve, que aparece na capa, em uma belíssima imagem que antecipa uma das soluções visuais do volume. Sua figura surge quase perdida, em meio ao branco total simulando a neve.

Pássaro da Neve sente o perigo... 


A história começa com Anne Mckenzie, a identidade civil da Pássaro da Neve, recebendo uma bronca de seu novo chefe, que exige uma explicação para seus desaparecimentos ocasionais. O chefe anterior sabia que ela fazia parte da Tropa Alfa e a autorizava a sair do serviço, mas esse novo não conhecesse esse segredo, e acaba mandando prendê-la.

A garota está na prisão quando sente uma ameaça e é obrigada  fugir destruindo a parede da prisão: um ser ancestral chamado Kolomaq se libertou graças a uma escavação de um poço de petróleo. Na própria edição descobrimos que Kolomaq é uma das sete feras que num passado remoto quase haviam destruído o mundo em suas guerras intermináveis e que haviam sido aprisionados pelos deuses. Tundra, o primeiro adversário da Tropa Alfa tinha sido um deles – Byrne lança aqui o gancho para histórias futuras, já que existem ainda cinco feras aprisionadas.

... e descobre que uma das feras do passado despertou. 


A grande questão é que Kolomaq governa a neve e, para atacar Pássaro da Neve ele provoca uma nevasca que torna impossível ver qualquer coisa. Byrne demonstra visualmente isso fazendo quadrinhos em branco, apenas com balões e onomatopeias. E ele não faz isso em apenas uma página, mas em cinco páginas e meia!

Dizem que o editor não gostou da ousadia, o que provavelmente explica o aviso que o artista colocou na primeira página: “Cuidado! É o mês dos editores assistentes! Não diga que não avisamos!”.

São mais de cinco páginas apenas de balões e onomatopéias. 


O recurso, aliás, é inovador no início, mas sua repetição torna a narrativa cansativa, até porque, como não está mostrando nada com o desenho, Byrne é obrigado a usar o texto-legenda para literalmente narrar o que está acontecendo.

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